O governo gaúcho, a Polícia Civil e o Ministério Público (MP) colocaram em curso ações para investigar, responsabilizar e punir os responsáveis pela disseminação de notícias falsas, as chamadas “fake news”. As inundações no Rio Grande do Sul exigem uma resposta ágil e eficaz, mas a proliferação de informações inverídicas coloca em risco a efetividade das ações de resgate e auxílio. Notícias e perfis falsos e golpes on-line proliferam nas redes sociais, atrapalhando o trabalho das equipes de salvamento e gerando instabilidade na população.
Foi criada uma força-tarefa de checagem e contestação de fake news. As informações são identificadas, monitoradas e apuradas por uma equipe de comunicação. Quando a checagem é concluída, os conteúdos são disponibilizados para grupos com a imprensa e nos perfis oficiais do governo nas redes sociais.
Até o momento, mais de dez notícias falsas já foram desmentidas. Esse número segue subindo, dado o volume de informações sem procedência em circulação. Dentre elas, estão: que a Brigada Militar estaria cobrando autorizações de voluntários para pilotar barcos e jet-skis; que presos de unidades prisionais do regime fechado de Charqueadas teriam sido soltos; que a Polícia Penal cobraria transferências de Pix para a colocação de tornozeleiras eletrônicas em apenados; e que 18 toneladas de insumos estariam trancadas em depósitos da Defesa Civil em Torres e Canoas; dentre outras.
Além disso, foi estabelecido um canal direto com a Meta, empresa responsável pelo Instagram, Facebook e WhatsApp, para avaliar e denunciar perfis que atuam na criação e amplificação de conteúdos falsos ou descontextualizados. A parceria tem como foco auxiliar no controle de publicações com dados incorretos que circulam desde o início das enchentes no Rio Grande do Sul.
“No meio de tanta solidariedade, aproveitadores usam da sensibilidade das pessoas para aplicar golpes e espalhar notícias falsas. Isso é lamentável. O governo e os órgãos da Segurança Pública e da Justiça estão unidos para identificar, denunciar e tomar a devidas medidas para que essas pessoas sejam punidas”, afirmou o governador Eduardo Leite.
A Polícia Civil conta com um canal para receber denúncias de notícias falsas. A população pode colaborar enviando informações para o WhatsApp da corporação (51 98444-0606). As denúncias serão investigadas e, em caso de comprovação, os responsáveis serão punidos.
O governo gaúcho também articulou ações junto à Polícia Civil para que os responsáveis pela criação de informações equivocadas e de perfis falsos do governo sejam investigados e, em casos comprovados, responsabilizados.
A corporação já investiga oito casos de fake news relacionados às enchentes – como a exigência de nota fiscal para doações, multa a veículos de apoio ao salvamento, necessidade de licença para pilotagem de barcos e jet skis em operações de resgate e fiscalização de marmitas para desabrigados. O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, afirma que a instituição está intensificando as investigações de fraudes digitais e fake news. “A divulgação de notícias falsas gera pânico social e preocupação”, destaca.
“Pedimos as pessoas que não encaminhem, mesmo que inocentemente, mensagens que não podem ser confirmadas. Muitas delas estão vinculadas a questões graves e preocupantes, mas sem origem verdadeira”, reforça o chefe da Polícia. “A divulgação de notícias falsas gera caos social.”
O MP também atua na linha de frente contra a desinformação. O órgão já derrubou perfis que propagavam informações falsas e busca responsabilizar os autores na esfera civil e criminal. O Procurador-Geral de Justiça, Alexandre Saltz, aponta que a desinformação prejudica o trabalho das equipes de resgate e auxílio, dificultando o acesso da população a informações confiáveis.
“O Ministério Público vem acompanhando, desde o início, as fake news que prejudicam a atuação das forças do Estado e a ajuda aos cidadãos que tanto necessitam”, ressaltou o procurador-geral.
O combate à desinformação é fundamental para garantir que a população tenha acesso a informações confiáveis e para que o governo possa agir de forma eficiente na resposta à crise das inundações. A colaboração entre os diferentes órgãos e a participação da sociedade civil são essenciais para combater as fake news e garantir a superação do desastre.