O governo do Rio Grande do Sul se reuniu na manhã desta quarta-feira (1º) no Gabinete de Crise montado para monitorar a situação das regiões afetadas pelo temporal desta semana. Um levantamento preliminar estima prejuízos de R$ 100 milhões nas áreas afetadas pelas chuvas.
O grupo composto por secretários e representantes das forças de segurança, sob a liderança do vice-governador Gabriel Souza, atualizou as condições meteorológicas do Estado para as próximas horas. A chuva deve persistir até a próxima sexta-feira (3) e, em algumas regiões, podem acabar se intensificando.
“Seguimos priorizando o trabalho de resgate de pessoas em áreas isoladas e ilhadas, com apoio das aeronaves da Aeronáutica e uso dos equipamentos do Estado. Há uma preocupação especial com as barragens em situação de alerta, com risco de rompimento e alagamento por conta de cotas muito elevadas. Já estamos adotando o plano de contingência nessas localidades, com apoio das prefeituras, para retirar moradores das áreas próximas”, explicou Gabriel Souza.
A previsão indica um aumento do volume de chuva nas regiões Noroeste, Sul, Região Central e Região Metropolitana. O principal reflexo é a elevação do nível dos rios Caí e Taquari, que já ultrapassaram a cota de inundação em todas as estações monitoradas pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema).
A instabilidade persistente no Estado, ocasionada por uma região de baixa pressão atmosférica estacionada em seu território, deve deslocar-se para a Serra e o Litoral Norte a partir de quinta-feira (2). No sábado (4), a frente fria deverá avançar em direção à divisa com Santa Catarina, com consequências para o nível do rio Uruguai.
Resgates e infraestrutura
Desde a madrugada desta quarta-feira (1º), aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) estão em operação no Estado para buscar famílias ilhadas, com foco nas cidades de Candelária, Santa Cruz do Sul e Sinimbu, onde a situação é mais crítica. Até a manhã desta quarta-feira, a Defesa Civil registrou mais de 130 pedidos de resgate.
Desde terça-feira (30), a Brigada Militar mobilizou um contingente de mais de mil policiais para atuar na linha de frente dos resgates e na solução de ocorrências de infraestrutura, como bloqueios de estradas. O Corpo de Bombeiros também já está operando com mais de 300 oficiais nas áreas isoladas, contando com o auxílio de 27 embarcações para agilizar o acesso às regiões afetadas. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), há 50 cidades sem atendimento pelos números 190 (Brigada Militar) e 193 (Corpo de Bombeiros).
O impacto na infraestrutura rodoviária é considerado sem precedentes pela Secretaria de Logística e Transporte (Selt), com dezenas de pontos de bloqueio total em estradas no Estado (informações detalhadas no boletim de infraestrutura), prejudicando a operação de mais de 100 linhas de ônibus intermunicipais.
Telefonia
Para atender áreas sem acesso à rede de telefonia, a Sema fará a solicitação formal às empresas de telecomunicação para abertura geral de roaming. O mecanismo permite que usuários possam acessar as redes de outras operadoras, habilitando o recebimento de chamadas, envio de mensagens de texto e uso de dados móveis mesmo fora da área de cobertura da fornecedora doméstica.
Abrigos e cadastro
A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) iniciou a mobilização das equipes para organização material e logística dos abrigos públicos na região do Vale do Taquari, que deverá receber mais desabrigados nos próximos dias. Nos municípios mais afetados, a pasta começará o processo de cadastro para distribuição de uma nova rodada do programa Volta por Cima.
Saúde
A equipe da Secretaria da Saúde (SES) providenciou o envio de geradores para suprir a falta de energia elétrica em unidades de atendimento dos municípios de Santa Teresa e Sinimbu. A pasta também atua no monitoramento de hospitais com risco de alagamento e orienta as equipes para o deslocamento de pacientes para unidades de saúde próximas ou áreas mais seguras dentro do prédio.
Escolas
Em reunião emergencial nesta quarta-feira (1º), a Secretaria da Educação (Seduc) ordenou que as empresas incluídas na ata de registro de preços de obras escolares atuem emergencialmente na recuperação de 19 instituições de ensino da Rede Estadual.