Quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de fevereiro de 2025
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu aceitar o convite da Opep+ e o Brasil irá ingressar num fórum da Organização dos Países Produtores de Petróleo. O país irá fazer parte do grupo de aliados do cartel (daí o “mais” após a sigla) que não tem obrigação de cortes de produção. A decisão foi tomada nessa terça-feira (18) em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
O convite para o Brasil integrar a Opep+ surgiu há mais de um ano. Em novembro de 2023, o governo brasileiro informou que estaria analisando o convite para entrar no grupo. A confirmação ocorreu durante a viagem do presidente Lula à Arábia Saudita, por ocasião da cúpula do clima em Dubai. No entanto, a decisão gerou críticas, pois o evento tinha como foco a busca por alternativas aos combustíveis fósseis, como o petróleo, carvão mineral e gás natural.
A entrada do Brasil agora ocorre às vésperas de o país sediar a COP30, em Belém. O CNPE é um órgão presidido pelo ministro de Minas e Energia, hoje Alexandre Silveira, e reúne diversas outras áreas do governo.
“O Brasil foi convidado para que nós fizéssemos parte da carta de cooperação. O que fizemos hoje foi exatamente discutir a entrada no Brasil em três organismos internacionais. Autorizamos iniciar o processo de adesão à AIE (Agência Internacional de Energia), isso tá aprovado. A continuação do que foi suspenso no governo anterior, que é a adesão à Irena (Agência Internacional para as Energias Renováveis). Ficou decidido: início da adesão à AIE, Irena e Opep+”, afirmou Silveira.
O fórum a que o Brasil aderiu não limita ou afeta o direito sobre a exploração e gestão de seus recursos naturais. Nesse contexto, o país poderá continuar desenvolvendo sua política energética de acordo com seus próprios interesses.
Ainda durante sua fala, o ministro foi questionado sobre a repercussão da decisão do governo de ingressar na Opep+. Ele afirmou que se considera um “ambientalista” e que não há do que se envergonhar.
“Ambientalistas, que têm todo meu respeito. Eu também sou ambientalista, talvez me considere mais ambientalista que eles (…) Quero saber o que está por trás disso, de chamar de contradição participar de um fórum para discutir transição energética”, disse Silveira.
O ministro também apontou que o petróleo ainda é uma fonte energética global e disse que enquanto o mundo demandar esse tipo de energia alguém terá que fornecer. Ele defendeu a exploração da Margem Equatorial.
“Por isso é que eu explico que a Margem Equatorial, não explorar ou não conhecer as nossas potencialidades minerais é uma insanidade, é uma questão ideológica, não tem racionalidade (…) É estratégico conhecer os potenciais tanto de minerais químicos quanto de minério de ferro, quanto petróleo, gás e as outras fontes minerais”, completou.
Opep
A Opep reúne 13 países que são grandes exportadores de petróleo. Ela foi fundada em Bagdá, Iraque, em 1960, por cinco nações: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela. Estes são chamados de membros fundadores.
Ao longo dos anos, outros países aderiram à associação: Líbia (1962), Emirados Árabes Unidos (1967), Argélia (1969), Nigéria (1971), Gabão (1975), Angola (2007), Guiné Equatorial (2017) e Congo (2018). Esses são os chamados membros plenos, pois não faziam parte do grupo quando ele foi criado.
Entre os membros da Opep há ainda os associados, que são países que não se qualificam para a adesão plena, mas que são admitidos sob condições especiais. De acordo com o estatuto da Opep, eles não têm direito a voto nas reuniões.
Os 13 países da Opep respondem por 30% da produção global de petróleo e por mais de 60% de todo o petróleo exportado no mundo. A Arábia Saudita é o maior produtor, com mais de 10 milhões de barris por dia.
Opep+
Em 2016, quando os preços do petróleo estavam particularmente baixos, a Opep uniu forças com outros dez grandes produtores de petróleo para criar a Opep+. Esses dez países são aliados ou membros associados.
Juntos, os países da OPEP+ produzem cerca de 40% de todo o petróleo bruto do mundo. Ao todo, são 23 países, sendo a Rússia o mais importante. Se o Brasil aceitar o convite, ele faria parte desse grupo, sem direito à voto portanto. As informações são do portal O Globo.