Quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de fevereiro de 2025
A decisão do governo Lula de barrar o aumento do porcentual mínimo obrigatório da mistura de biodiesel ao óleo diesel repete medida tomada pela gestão Jair Bolsonaro. Nos dois casos, o pano de fundo é o mesmo: uma tentativa de evitar o impacto na inflação em momento de crise na popularidade presidencial. Há uma avaliação hoje no entorno do petista de que a medida deixaria o combustível brasileiro mais caro do que a paridade com mercado internacional.
A previsão era de que o porcentual de biodiesel no diesel chegasse a 15% em março, mas o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu nessa terça-feira (18), manter a mistura em 14%. Em novembro de 2021, nas vésperas do ano eleitoral, o governo Bolsonaro foi além: reduziu de 13% para 10% a presença do biocombustível na produção de diesel. Na época, o Ministério da Economia, chefiado por Paulo Guedes, chegou a defender diminuir essa composição para 6%.
Dessa vez, tanto integrantes do Ministério da Fazenda de Lula quanto a Casa Civil defendiam adiar o aumento da mistura, em uma rara união entre as pastas comandadas por Fernando Haddad e Rui Costa, respectivamente, que costumam estar em lados opostos em diversas discussões do governo. Procurados por meio de suas assessorias, os ministérios não comentaram.
A Petrobras anunciou para este mês o primeiro reajuste no preço do diesel desde 2023. Como mostrou a Coluna do Estadão, aliados de Lula chegaram a falar em “tempestade perfeita”. A constatação foi esse aumento no combustível vinha no pior momento possível, quando o Palácio do Planalto ainda tentava contornar dois problemas que afetaram a popularidade presidencial: a “crise do Pix” e a alta nos preços dos alimentos. A avaliação agora foi de que elevar a mistura de biodiesel elevaria ainda mais o preço do diesel.
Ao confirmar a decisão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, citou deficiências na fiscalização do regulador e disse que há denúncias de que algumas distribuidoras não estão fazendo a mistura. Ministro do MME no governo Bolsonaro, Adolfo Sachsida, também era a favor de evitar o aumento da mistura do biodiesel no diesel. (Estadão Conteúdo).