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Governo Lula vai ter que dividir uma empresa estatal em duas para atender a “gula” de líderes políticos

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda dividir a Companhia de Docas do Rio Grande do Norte (Codern). (Foto: Divulgação)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda dividir a Companhia de Docas do Rio Grande do Norte (Codern), que administra portos potiguares e também de Alagoas, criando uma nova estatal. A ideia é que um braço fique responsável somente por administrar os portos públicos do Estado do deputado Arthur Lira (PP) e do senador Renan Calheiros (MDB). Rivais, ele devem disputar o comando da empresa.

Apoiadores de Lira apostam que o presidente da Câmara tem vantagem, pois quem conduz as conversas é o ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), que é deputado licenciado. O grupo ligado a Renan aposta que Lira vai perder força política porque entrará na reta final do comando da Casa. A ministra Esther Dweck (Gestão) também participa das conversas.

Fontes dos dois ministérios confirmaram as negociações e informaram que Arthur Lira é quem já se movimenta para indicar os nomes que comandarão a estatal. A Codern tem um plano de investimentos que passa dos R$ 30 milhões para este ano.

Os defensores da divisão da Codern alegam que tecnicamente faz sentido seccionar. “Alagoas tem uma visão estratégica de negócios e contratos de longo prazo que sustentam essa separação”, defende um interlocutor do governo.

Pauta travada

Lula tem concentrado praticamente todas as suas conversas nos últimos dias na busca de uma solução para o resgate do grupo de brasileiros que está na Faixa de Gaza e nos detalhes da posição do país no Conselho de Segurança da ONU.

Como consequência, não há perspectiva de definição de outros temas de interesse do governo, como a indicação do substituto de Rosa Weber ao Supremo Tribunal Federal (STF) e do nome que ocupará o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) — neste último caso, aliados dizem que o presidente segue indeciso e não há sequer nome favorito.

Com a viagem do presidente da Câmara para Índia e China, a agenda do governo no Congresso também segue em compasso de espera.

De acordo com auxiliares, Lula está “obcecado” com as consequências que envolvem o conflito entre o Hamas e Israel. Na tarde de segunda (16), estava prevista uma aparição em vídeo do presidente, que se recupera de uma cirurgia no quadril e nas pálpebras, em um evento no Palácio do Planalto sobre os 20 anos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Mas Lula cancelou a participação para se dedicar a ligações com autoridades de outros países.

Esta é a terceira semana de sua recuperação em que está recolhido no Palácio da Alvorada. Apenas na segunda-feira passada Lula fez as primeiras reuniões em vídeo. Segundo informações do jornal O Globo, o presidente não gosta de ter conversas com ministros por telefone e prefere o contato pessoal.

Outras definições que vêm sendo adiadas são a troca do comando da Caixa Econômica Federal e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O comando do banco atualmente chefiado por Rita Serrano foi prometido a uma indicação de Arthur Lira, que está em viagem e retorna nesta sexta (20). A indicação dos nomes deve ocorrer em conversa pessoalmente entre Lula e Lira.

A estratégia do presidente da Câmara é dividir as 12 vice-presidências com PP, Republicanos, PSD e União Brasil. Lira, no entanto, estaria disposto a manter Inês Magalhães na vice-presidência de Habitação, conforme defende o PT.

Já a Funasa é alvo da disputa entre PSD, Republicanos e União Brasil. A Funasa é tradicionalmente controlada por partidos do Centrão e nos últimos anos foi turbinada com emendas para atender às bases dos parlamentares. No ano passado, o orçamento era de R$ 3 bilhões.

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