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Governo muda cobrança de royalties da mineração e prevê arrecadar 80% mais

Ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho. (Foto: Saulo Cruz/MME)

O governo anunciou nesta terça-feira (25) mudanças nas regras do setor de mineração. Entre as medidas estão a criação de uma agência reguladora e alterações nas alíquotas da Cfem (Compensação Financeira pela Exploração Mineral), o royaltie cobrado das empresas que atuam no setor.

De acordo com o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, a expectativa é que as mudanças na cobrança da Cfem ampliem a arrecadação do governo com essa contribuição em cerca de 80%. Em 2016, ela totalizou cerca de R$ 1,6 bilhão (veja mais abaixo nesta reportagem).

O aumento das alíquotas dos royalties para o setor mineral ocorre num momento em que o governo enfrenta arrecadação abaixo da esperada, devido à crise econômica, e dificuldade para fechar suas contas.

Na semana passada, o governo já havia anunciado o aumento dos tributos sobre os combustíveis – uma liminar da Justiça Federal, porém,suspendeu o decreto nesta terça.

Medidas provisórias

As mudanças nas regras para o setor mineral serão feitas por meio de três medidas provisórias que serão enviadas pelo governo ao Congresso. Elas começam a valer imediatamente, mas depois precisam ser aprovadas pelos parlamentares ou perdem a validade.

A assinatura das MPs aconteceu em cerimônia no Palácio do Planalto em que participaram o presidente Michel Temer, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral da pasta, Vicente Lôbo.

Coelho Filho informou na cerimônia que, com as mudanças, o governo espera ampliar de 4% para 6% a participação do setor de mineração no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

Temer afirmou que as medidas modernizam a lei e instituições do setor mineral e que ajudarão a atrair investimentos e criar empregos no país.

Royalties

A principal mudança está na forma de cobrança dos royalties. Hoje, o cálculo do valor devido de royalty é feito com base no faturamento líquido da empresa. A MP prevê que, agora, a cobrança será feita com base na receita bruta da venda do minério.

Além disso, o governo anunciou mudança nas alíquotas dos royalties cobradas de algumas áreas do setor mineral. Elas começam a valer a partir de novembro.

  • Nióbio: aumenta de 2% para 3%;
  • Ouro: sobe de 1% para 2%;
  • Diamante: passa de 2% para 3%;
  • Minerais de uso imediato na construção civil: cai de 2% para 1,5%;
  • Minério de ferro: a MP prevê que a alíquota vai variar conforme o preço no mercado internacional, até o limite de 4%;

Temer afirmou que “o ajustamento dos royaties aumentará a contrapartida da mineração para a sociedade e dará previsibilidade para as mineradoras.”

Segundo o Ministério de Minas e Energia, a partilha dos royalties entre os entes federativos não muda. Assim, a União fica com 12%, estados com 23% e, municípios, com 65%.

O ministro de Minas e Energia disse que, apesar da mudança na cobrança da Cfem elevar o valor a ser pago pelas empresas, dará mais segurança jurídica à cobrança. O sistema atual de cobrança, sobre a receita líquida, geraria muitos questionamentos.

O secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Vicente Lôbo, disse que não há mudança na maior parte das alíquotas cobradas.

No caso do minério de ferro, a medida provisória prevê:

  • Manter a alíquota da Cfem em 2% quando o preço do minério estiver abaixo de US$ 60 a tonelada;
  • Subir a alíquota para 2,5% quando entre US$ 60 e US$ 70;
  • Aumentar para 3% quando entre US$ 70 e US$ 80;
  • Elevar para 3,5% quando entre US$ 80 e US$ 100;
  • Chegar a 4% quando ultrapassar US$ 100 por tonelada;

O governo informou que a ANM (Agência Nacional de Mineração) assumirá as funções que hoje são do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). O governo argumenta que a agência vai agilizar as decisões que orientam o mercado de mineração, o que reduz riscos e incertezas.

A mesma MP cria a Taxa de Fiscalização de Atividades Minerais, que vai financiar as atividades da agência. A cobrança será anual e vai variar de R$ 500 a R$ 5 mil, a depender da fase que está o empreendimento de mineração.

Código de Mineração

O Código de Mineração será alterado em 23 pontos. Entre as mudanças está o aumento do teto da multa por infrações, que passa para R$ 30 milhões.

Outra mudança é a ampliação do prazo para a realização de pesquisa de viabilidade econômica de áreas de exploração mineral.

O novo código prevê que a recuperação de áreas ambientalmente degradadas é de responsabilidade do minerador.

Governo Dilma

Em junho de 2013, a então presidente Dilma Rousseff enviou ao Congresso um projeto que alterava as regras do setor, mas não seguiu em frente.

O marco regulatório proposto à época alterava as alíquotas da Cfem, os royalties da mineração.

O projeto também transformava o DNPM na Agência Nacional de Mineração e mudava as regras de concessão e de exploração das minas. (AG)

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