O presidente da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a proposta de reforma da Previdência, Marcelo Ramos (PR-AM), disse nesta segunda-feira (20) que o governo do presidente Jair Bolsonaro é incapaz de formar uma maioria para aprovar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma.
Ele disse, no entanto, que o País não pode ficar refém dessa situação e que o Congresso vai liderar o processo da reforma, apontada como crucial para o equilíbrio das contas públicas.
“Nós temos que isolar os problemas com a postura do governo e fazer o que tem que ser feito para o Brasil, que é fazer a reforma da Previdência andar. Independente do governo, vamos fazer a reforma andar”, disse Ramos.
O deputado estimou que a PEC da reforma não tem o apoio de mais de 200 deputados, bem abaixo dos 308 votos necessários para ser aprovada em dois turnos de votação na Casa e ser encaminhada para análise no Senado. Ele apontou a precária relação de Bolsonaro com o Congresso como culpada.
“Eu acho que as demonstrações dele [Bolsonaro] desde que ele era parlamentar, e agora são reafirmadas, são de desprezo à democracia. Agora precisamos isolar essa atitude antidemocrática e de pouco respeito às instituições e não deixar que o País paralise por conta dessa postura”, afirmou o deputado.
As declarações de Ramos vêm pouco depois de Bolsonaro afirmar em discurso na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) que o problema do Brasil é a classe política.
Proposta alternativa
O porta-voz da Presidência da República, Otavio do Rego Barros, afirmou nesta segunda (20) que o governo pode discutir com o Congresso proposta alternativa para a reforma da Previdência, apesar de considerar que o texto já enviado é “a melhor para o Brasil”.
Na semana passada, um grupo de deputados, incluindo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu apresentar um novo projeto de reforma da Previdência, abandonando o texto enviado em fevereiro pelo Executivo.
“A proposta que o presidente identifica como a melhor proposta é aquela que ele levou ao Congresso Nacional”, afirmou Rego Barros em entrevista após cerimônia na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro).
“Não obstante, se coloca, sim, parceiro nesse processo de discussão e de avaliação para juntos, Congresso e Poder Executivo, darmos um andamento naquilo que vai tirar o Brasil de um precipício que muito rapidamente se aproxima”, completou o porta-voz.
A proposta que o presidente identifica como a melhor proposta é aquela que ele levou ao Congresso Nacional. Não obstante, se coloca à disposição para conversar”, afirmou Rego Barros, em entrevista após cerimônia na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro).
A fala de Barros, porém, contrasta com o que disse o secretário da Previdência, Rogério Marinho, nesta segunda-feira pela manhã. Marinho qualificou como um ruído de comunicação a informação de que o presidente da comissão especial sobre as mudanças na aposentadoria poderia apresentar uma proposta alternativa à encaminhada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) ao Congresso.
“O que houve foi um ruído de comunicação. O próprio presidente Marcelo Ramos (PR-AM) deu uma segunda declaração nesse sentido, dizendo que as alterações poderão ocorrer em cima do projeto apresentado pelo governo, como sempre foi no Parlamento”, afirmou.