Terça-feira, 15 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 5 de outubro de 2022
O governo federal vem pressionando a Petrobras para reduzir os preços dos combustíveis em série nas próximas semanas, de acordo com fontes ligadas ao alto comando da estatal. A ideia é “força total” por conta da corrida para a disputa presidencial durante o segundo turno das eleições, destacou uma dessas fontes.
Essas fontes lembraram ainda que esse movimento vai ser intenso porque o governo vai usar o argumento de que vai “entrar” diesel russo no Brasil . Porém, especialistas dizem que o volume é pequeno se comparado ao total da demanda. Uma outra fonte explicou que ” a ideia é usar todas os recursos possíveis ” para reduzir os preços neste mês de outubro.
Procurada, a estatal disse que não antecipa informações sobre os reajustes dos combustíveis, que, em geral, são anunciados com 24 horas de antecedência.
Série de reduções
Desde que Caio Paes de Andrade assumiu a companhia, a Petrobras vem praticando uma série de reduções nos preços dos combustíveis, como gasolina, diesel, querosene de aviação (QAV), asfalto e gás de botijão (GLP).
Somente em setembro, a estatal reduziu o preço do asfalto em 10,5%, o Querosene de Aviação (-0,84%), o gás de botijão por duas vezes, o diesel e a gasolina.
A gasolina vendida nas refinarias pela Petrobras estava em média 8% abaixo dos preços internacionais, segundo levantamento diário da Abicom, associação que reúne os importadores de combustíveis. Ou seja, para seguir a paridade com o mercado externo, neste momento, a Petrobras deveria subir o preço da gasolina.
As cotações do petróleo têm subido no mercado externo nos últimos dias e, no início da semana, estavam em alta de mais de 2%, refletindo a decisão da Opep, cartel que reúne os grandes exportadores do produto, que recomendou um corte de 2 milhões de barris por dia na produção dos países do bloco.
Também o dólar, que vinha em queda nos últimos dias, voltou a subir e, na quarta-feira (5), fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 5,1840. Ou seja, a defasagem de 8% no preço da gasolina constatada pela Abicom pode se ampliar.
Política de preços
Apesar das interferências do governo Bolsonaro na Petrobras, com trocas de presidentes e conselheiros, a empresa segue com a política de paridade internacional, já que precisa repassar ao consumidor o custo da importação de petróleo.
Sergio Araujo, presidente da Abicom, que reúne as importadoras, diz que, do ponto de vista técnico, a Petrobras deveria elevar os preços dos combustíveis para manter a paridade internacional. Segundo ele, há uma expectativa de que o preço do petróleo se mantenha em patamar elevado por conta da redução da produção anunciada pela Opep, cartel que reúne os maiores produtores do mundo.
“Há uma expectativa técnica de que a Petrobras aumente os preços para manter a coerência com sua política de preços. O volume de diesel, por exemplo, é muito pequeno, de 30 a 35 mil metros cúbicos, já que o consumo mensal é de cinco milhões de metros cúbicos por mês. Então, isso não deve alterar o cenário”, disse Araujo.