Além de anunciar, como era esperado, seu rompimento pessoal com o governo, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse, na manhã de sexta-feira, que vai defender que o PMDB saia do governo. “Eu, como político e deputado do PMDB, e não como presidente da Câmara, vou pregar no congresso do PMDB, em setembro, que o PMDB saia do governo. Eu, pessoalmente, a partir de hoje, me considero com um rompimento pessoal com o governo”, disse Cunha, um dia depois que veio a público o depoimento do lobista Júlio Camargo, que acusa o peemedebista de cobrar 5 milhões de dólares em propinas.
Após o posicionamento do parlamentar, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República divulgou uma nota sobre a aliança com o PMDB. O texto lembrou que, desde o governo Lula e durante a gestão de Dilma Rousseff, o PMDB integra as forças políticas que dão sustentação ao projeto de transformação do País. “Tanto o vice-presidente da República como os ministros e parlamentares do PMDB tiveram e continuam tendo um papel importante no governo.” O texto ressalta, ainda, que “o governo sempre teve e tem atuado com total isenção em relação às investigações realizadas pelas autoridades competentes”.
Cunha disse que, como deputado, não aceita que o PMDB faça parte de um governo que quer arrastar os que o cercam “para a lama”. O presidente da Câmara se defendeu das acusações de ter recebido propina e atacou o governo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o juiz Sérgio Moro e os delatores Camargo e Alberto Youssef. O parlamentar irá pedir ainda que o processo vá para o STF (Supremo Tribunal Federal).
Cunha reclamou do que ele classificou como devassa fiscal à sua vida em decorrência de uma fiscalização da Receita Federal. “Não vou ser constrangido para que meu posicionamento seja favorável ao governo.”
(Folhapress)