Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de abril de 2020
Depois de Sergio Moro dizer que não assinou a exoneração de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal, o governo republicou o ato do presidente Jair Bolsonaro sem a assinatura do agora ex-ministro da Justiça. A primeira versão trazia a assinatura eletrônica de Moro.
Na nova versão, publicada em edição extra do Diário Oficial da União, aparecem as assinaturas de Walter Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil, e de Jorge Oliveira, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência.
Apesar disso, o governo manteve a exoneração “a pedido” de Valeixo. Moro havia afirmado que “em momento nenhum” o então diretor-geral da PF apresentou um pedido formal para deixar o cargo. A edição extra também trouxe a exoneração de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça.
O ex-juiz Sergio Moro declarou que Bolsonaro trocou o comando da PF para ter acesso a investigações e relatórios da entidade, o que é proibido pela legislação. Em um pronunciamento forte (leia a íntegra), Moro procurou se distanciar de Bolsonaro e marcar posição. Disse que a mudança como foi feita é uma interferência política do presidente na PF e que o mandatário teme inquéritos que estão sendo avaliados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O ex-juiz federal era o principal nome do governo Bolsonaro. Tinha popularidade, segundo o Datafolha, mais alta que a do presidente. As taxas giram acima dos 50% de aprovação, enquanto a do presidente patina abaixo dos 40%.
A saída de Moro já provoca rachas em bancadas fiéis ao bolsonarismo, como a da segurança pública (também conhecida como “da bala”). As acusações feitas pelo ministro podem encaminhar processos no Congresso e no STF —como as sobre interferência política na PF e uma possível falsidade ideológica por constar o nome do ex-ministro na exoneração de Valeixo, que Moro nega ter assinado.