O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, determinou que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elabore, em até 30 dias, um plano para garantir o fornecimento de energia entre 2024 e 2026. A determinação consta em ofício obtido assinado por Silveira na última sexta-feira (6). A medida já havia sido antecipada pelo ministério, depois de reunião com o ONS no último dia 3.
Segundo o documento, o ONS deve apresentar um plano para garantir o fornecimento no Sistema Interligado Nacional (SIN) e no sistema de Roraima — único que não está conectado ao restante do País.
“Além disso, destaco que o Plano deve conter, entre outras, propostas de medidas concretas, para cada ano, a serem adotadas pelas instituições que compõem o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico”, diz o ofício.
O ministro também pediu que a primeira reunião para elaboração do plano ocorra até esta sexta-feira (13). A jornalistas nesta quinta-feira (12), Silveira informou que pediu um plano de contingência para o verão de 2024, “já com olhos ao planejamento energético do ano que vem”.
Alexandre ressaltou a volta do horário de verão como uma das medidas que podem surgir desse plano. “É uma possibilidade real, mas não é um fato”, disse.
“Ele [o horário de verão] tem implicações não só energéticas, tem implicações econômicas. Até agora, todos os dados de pesquisas anteriores são positivos, fomenta a economia em diversos setores do Brasil, turismo, bares, restaurantes e muitos setores importantes. É importante para diminuir o despacho de térmicas nos horários de ponta, mas é uma das medidas”, concluiu.
Na quarta-feira (11), em entrevista a jornalistas, o ministro já tinha confirmado que a proposta estava na pauta do governo. Entretanto, ela é encarada como uma decisão política do governo, e não técnica. Isso porque a retomada do horário de verão não traz uma economia significativa de energia. Na verdade, a mudança se dá no horário em que as pessoas consomem mais. Dessa forma, a medida poderia ajudar a operação do sistema elétrico ao deslocar o pico de consumo, que costuma ocorrer no início da noite.
Nesse horário, a geração de energia solar cai por causa da falta de sol. Ao mesmo tempo, a geração eólica sobe porque há maior incidência de ventos à noite e em determinadas épocas do ano. No intervalo entre a queda da solar e o aumento da eólica, há um pico de consumo que precisa ser suprido por energia hidrelétrica ou térmica. Com a redução dos reservatórios e menor geração por usinas hidrelétrica, por causa da seca, é necessário acionar mais termelétricas — caras e que poluem mais — para atender ao pico de consumo.