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Governo tem duas certezas sobre data e autoria da “minuta do golpe”; saiba quais são

Ex-ministro teve adiado o depoimento que faria à Polícia Federal, na segunda-feira (24), em função do seu "estado de saúde delicado". (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O governo trabalha com duas certezas em relação à “minuta do golpe”, o documento apreendido na casa de Anderson Torres, que previa a decretação de um estado de emergência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o objetivo de mudar o resultado da eleição presidencial. As informações são do colunista do jornal O Globo Lauro Jardim.

Primeiro é que ele foi escrito entre o último dia de novembro e o mês de dezembro. É possível deduzir o período por uma razão óbvia: o texto alude explicitamente ao dia da diplomação de Lula no TSE, ou seja, 12 de dezembro. A data original seria 19 de dezembro, mas no dia 29 de novembro a cerimônia foi antecipada a pedido do PT.

A segunda certeza: é um documento escrito por juristas. Não foi obra de Torres ou de seus assessores no Ministério da Justiça. Diz um ministro: “O documento é um delírio constitucional, mas tem começo, meio e fim”.

Torres afirma que recebeu o documento de populares e que pretendia descartá-lo.

Remarcação

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes remarcou, para o dia 2 de fevereiro, o depoimento do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres à Polícia Federal (PF). O encontro deve ocorrer às 10h30.

Havia expectativa de que Torres seria ouvido nessa segunda-feira (23) já que, na semana passada, a corporação, a pedido da defesa do ex-gestor, solicitou a realização do depoimento nesta manhã. No entanto, a medida não foi autorizada por Moraes.

O ministro permitiu que a defesa de Torres tenha acesso às investigações e disse que a nova data pretende “garantir o tempo necessário à defesa de Anderson Gustavo Torres para análise dos autos antes do interrogatório”.

Torres está preso no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará, e é investigado por suspeita de omissão na contenção dos atos terroristas cometidos por extremistas, em Brasília, no dia 8 de janeiro. Ele chefiava a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal à ocasião, mas nega as acusações.

Uma primeira tentativa de depoimento foi realizada na semana passada, e uma equipe da PF foi até o local onde Torres está preso. No entanto, acompanhado dos advogados, ele ficou em silêncio.

A defesa do ex-secretário alegou que não teve acesso aos inquéritos nos quais Torres é investigado e que ele “esclarecerá sob tudo que lhe for perguntado tão logo a defesa tenha acesso aos autos”. Por isso, pediu a remarcação do depoimento para esta segunda. A solicitação foi corroborada pela PF.

O ex-ministro foi preso em 14 de janeiro, por ordem de Alexandre de Moraes. Quando a prisão foi decretada, no dia 10 de janeiro, Anderson Torres estava de férias com a família nos Estados Unidos. Após a determinação, ele voltou ao País e foi detido no Aeroporto de Brasília.

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