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Governo terá de pagar 6 meses de salário ao ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação demitido após post atacando Israel

Hélio Doyle disse que foi informado que teria direito ao benefício e poderia solicitar à comissão. (Foto: Joedson Alves/Agência Brasil)

Exonerado da presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) após o compartilhamento de uma publicação em que chamava apoiadores de Israel de “idiotas”, o jornalista Hélio Doyle vai seguir ganhando salário do governo por mais seis meses. Isso porque a Comissão de Ética Pública decidiu conceder quarentena remunerada a Doyle.

Na prática, o jornalista não poderá atuar na iniciativa privada por um semestre, mas, por outro lado, será recompensado com a mesma remuneração que recebia na EBC, ou seja, R$ 34.895,78. “Preenchi o pedido, encaminhei à comissão e fui comunicado da decisão”, afirmou Doyle.

O jornalista foi exonerado em outubro após compartilhar um tuíte do cartunista e ativista político Carlos Latuff que dizia: “Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”. O jornalista estava à frente da EBC desde fevereiro, ou seja, passou oito meses no cargo.

Doyle assumiu o cargo, após a gestão de transição da jornalista Kariane Costa, representante dos empregados no Conselho de Administração da empresa desde 2021, e que havia sido indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para liderar o projeto de retomada da comunicação pública.

Ao longo de uma extensa carreira, Doyle trabalhou como repórter, editor e chefe de redação em veículos como Correio Braziliense, O Estado de S. Paulo, Jornal de Brasília, Opinião, Folha de S.Paulo, Rede Globo, Veja, Isto É, Brasil Extra, Zero Hora e Jornal do Brasil. Durante 28 anos, foi professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). Atuou ainda como chefe da assessoria de imprensa no Governo do Distrito Federal. É autor dos livros “Assim é a velha política” e “Interregno – o feitiço de Tobago”.

A decisão da Comissão de Ética Pública foi tomada em reunião no dia 11 de dezembro, a última do colegiado em 2024. Por regra, a quarentena remunerada é concedida a ex-servidores do alto escalão do governo federal que tiveram acesso a informações privilegiadas e, por isso, podem favorecer empresas da iniciativa privada.

Conforme o jornal O Estado de S. Paulo, a ex-ministra dos Esportes Ana Moser também também ganhou o benefício após ser exonerada do cargo pelo presidente Lula para dar mais espaço ao Centrão no governo.

Um documento revela que Moser, contudo, não apresentou proposta de trabalho ao pedir a quarentena remunerada ao colegiado.

“Fui contatada por diversas empresas, com as quais estabeleci relacionamento antes e durante o exercício do cargo de Ministra do Esporte, para atuar como consultora em matérias relacionadas às áreas de competência do Ministério do Esporte”, alegou ela.

Pela jurisprudência da Comissão de Ética, a apresentação de uma proposta de trabalho só seria dispensável em caso de cargos que atuam em áreas sensíveis, como um ministro da Economia ou um presidente do Banco Central.

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