Diante do risco de dois anos seguidos de recessão e precisando cimentar apoio entre o empresariado para enfrentar a crise, o governo Dilma Rousseff decidiu voltar a usar bancos públicos para conceder crédito a juros baixos para setores da economia em dificuldades, como a indústria automotiva. A polêmica medida, adotada em seu primeiro mandato e abandonada sob críticas, faz parte de um programa ainda maior, que está sendo costurado por Aloizio Mercadante (Casa Civil) com participação das pastas da Fazenda, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Na terça-feira, a Caixa implementou as primeiras medidas do programa ao anunciar linhas de crédito com taxas de juros menores para quem se comprometer a não demitir funcionários. Nessa quarta-feira, o Banco do Brasil lançará ações semelhantes, a taxas mais próximas das de mercado.
Entre 2008 e 2014, a prática era comum. Foi desmontada com a chegada de Joaquim Levy à Fazenda, após a reeleição de Dilma.
O pacote
Uma ala do governo defende que, sem a volta do crescimento, o governo não elevará sua receita e continuará tendo dificuldades para reequilibrar as contas. A Caixa liberará cerca de 5 bilhões de reais somente para o setor automotivo. Também estão em negociação com o governo os setores de petróleo e gás, alimentos, energia elétrica, eletroeletrônico, telecomunicações, fármacos, químico, papel e celulose, máquinas e equipamentos e construção civil.
O setor automotivo terá quatro linhas de crédito. Em três delas, as prestações começam a ser pagas daqui a seis meses, quando o governo espera uma retomada.
A primeira é a antecipação de recursos para fornecedores de montadoras, com juro a partir de 1,41% ao mês. As empresas terão dinheiro para despesas do segundo semestre a partir de 0,83% ao mês mais Taxa Referencial.
Banco do Brasil
No caso do Banco do Brasil, o financiamento se dará com recursos e taxas de mercado. Haverá redução na taxa de juros para empresas que mantiverem empregos e índices de inadimplência controlados. O banco dará crédito principalmente a fornecedores das empresas líderes. (Eduardo Cucolo, Valdo Cruz e Natuza Nery/Folhapress)