Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de fevereiro de 2019
A cerimônia do Oscar consagrou “Green Book: O Guia”, “Roma” e “Bohemian Rhapsody” no domingo (24), em Los Angeles. A noite também foi importante pelo recorde de maior número de prêmios para profissionais negros (7 estatuetas) e para mulheres (15) em toda história da premiação.
“Green Book: O Guia”, sobre a amizade entre um motorista racista e um músico negro, venceu como Melhor Filme, além de Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante (Mahershala Ali). A cinebiografia do Queen e de Freddie Mercury levou quatro estatuetas, incluindo melhor ator para Rami Malek. “Roma” deu três prêmios a Alfonso Cuarón, incluindo sua segunda estatueta como diretor e o primeiro Oscar de Filme Estrangeiro para o México.
Das poucas surpresas da noite, a inglesa Olivia Colman tirou o prêmio de Glenn Close, a mais cotada, e ganhou como melhor atriz por seu papel da rainha tresloucada de “A Favorita”.
Três vezes Alfonso Cuarón
Cuarón levou prêmios de Fotografia, Filme Estrangeiro e Diretor. “Eu cresci vendo filmes em língua estrangeira. Como ‘Cidadão Kane’, ‘Turabão’ e ‘O poderoso chefão'”, comentou o mexicano ao vencer com “Roma” o prêmio de Filme Estrangeiro.
No último discurso, ele disse: “Agradeço à Academia por reconhecer um filme que trata de uma mulher indígena, e uma das 70 milhões de empregadas domésticas sem direitos trabalhistas. Uma personagem historicamente sempre deixada para trás. ”
“O nosso trabalho é olhar para onde ninguém olha. Essa responsabilidade se torna muito maior numa época onde estamos sendo encorajados a não olhar. Muito obrigado Libo (sua babá na vida real, que inspirou o filme)”, disse Cuarón.
Spike Lee e seu primeiro Oscar “oficial”
Spike Lee levou seu primeiro Oscar competindo com outros profissionais, pelo roteiro adaptado de “Infiltrado na Klan”. Em 2006, o americano ganhou um Oscar Honorário e na época criticou a quantidade de negros concorrendo ao prêmio. “Diante do mundo, eu gostaria de reverenciar os ancestrais que construíram esse país, e também os que sofreram genocídios”, disse ele em seu discurso.
“Os ancestrais vão ajudar a voltarmos a ganhar nossa humanidade. As eleições de 2020 estão chegando, vamos pensar nisso. Precisamos nos mobilizar, estar do lado certo da história. É uma escolha moral. Do amor sobre ódio. Vamos fazer a coisa certa”, disse, citando seu próprio filme.
Pantera Negra e vitórias inéditas para negros
Ruth E. Carter ganhou o Oscar de Melhor Figurino e se tornou a primeira pessoa negra a levar nesta categoria. Outra vitória inédita veio com Hannah Beachler, a primeira mulher negra a ganhar em Direção de Arte.
“Isso levou tanto tempo. Spike Lee, obrigado por ser meu começo. Espero que isso te deixe orgulhoso. Marvel criou o primeiro super-herói negro, mas com o nosso figurino o transformamos em um rei africano”, disse Ruth. A figurinista já havia sido duas vezes indicada, por “Amistad (1997) e “Malcom X” (1992), dirigido por Lee.
Um Oscar para Gaga
Lady Gaga não foi a Melhor Atriz, mas levou Melhor Música por “Shallow”, junto com Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt, coautores da canção. Ela se emocionou e agradeceu ao diretor do filme e colega de elenco em “Nasce uma estrela”, com quem tinha cantado a música antes de rosto coladinho:
“Bradley [Cooper], não tem nenhuma pessoa no planeta com quem eu poderia cantar essa música a não ser você. Obrigada.” O cineasta brasileiro Nelson Pereira dos Santos foi um dos nomes lembrados na seção que homenageou os artistas que morreram no último ano.