Em meio aos protestos dos caminhoneiros, associações relatam impactos na produção e distribuição de alimentos, enquanto supermercados e postos de combustíveis em vários Estados enfrentam dificuldades para repor os produtos. Segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), mais da metade da produção de carne suína e de aves já está parada, com 78 frigoríficos com operações suspensas. A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) acrescenta que há também impactos na produção de carne bovina.
As associações que representam os setores estimam que o resultado será a paralisação de cerca de 90% da produção nacional de carne se a situação não normalizar. Entre as grandes empresas produtoras de carne, a JBS-Friboi e a BRF anunciaram paralisações. A primeira diz que “está adotando medidas em suas operações (fábricas) e logística, que inclui a paralisação de algumas unidades de carne bovina, aves e suínos, em razão da impossibilidade de escoar sua produção”. As unidades paralisadas pela JBS ficam em 5 Estados (Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul).
Já a BRF anunciou paralisação da produção em virtude da dificuldade de escoar os produtos, além da falta de recebimento de matéria prima, insumos e animais para abate. Segundo a agência de notícias Reuters, são 13 unidades com operações suspensas.
A produção de outros alimentos também é impactada, como o leite. Em uma cooperativa no Paraná, foram descartados 6 mil litros em dois dias por causa da dificuldade de escoar a produção. Outro produtor jogou fora um total de 1,3 mil litros pelo mesmo motivo. A Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) disse que manterá somente a liberação do transporte de remédios, carga viva e produtos perecíveis.
Supermercados desabastecidos
O movimento dos caminhoneiros também tem provocado falta de produtos nas prateleiras dos supermercados em diversos Estados. “Isso poderá se estender para todo o Brasil nos próximos dias, se algo não for feito”, disse a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) em nota. Segundo a Abras, foram registrados casos de desabastecimento em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Tocantins, Santa Catarina e São Paulo.
No Rio de Janeiro, a falta de produtos já começou a impactar os preços, com o valor de um saco de batata chegando a R$ 500 na Ceasa. Em Juiz de Fora, Minas Gerais, uma rede de supermercados colocou cartazes em várias lojas avisando sobre a possibilidade de falta de alguns produtos.
Na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), os carros estão vazios ou parados, enquanto funcionários ficam à espera de serviço. Os boxes estão com caixas vazias, pois, desde terça-feira (22), não chega mercadoria. A companhia confirmou, por meio de nota, que a greve dos caminhoneiros está afetando o abastecimento e que “alguns produtos começam a ter problemas na oferta/chegada”.