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Por Redação O Sul | 16 de julho de 2023
A ideia de grandes estúdios de escanear o rosto de atores em um dia de trabalho e poder usar essas imagens para sempre, sem remuneração extra, em cenas futuras de filmes e programas de TV foi decisiva para que os atores de Hollywood entrassem em greve na última quinta-feira. Essa proposta surgiu no pacote de negociações que vinha sendo discutido nas últimas semanas entre o sindicato dos trabalhadores, SAG-AFTRA, e a AMPTP, entidade que reúne produtores de cinema e televisão numa espécie de sindicato patronal.
“Naquela proposta inovadora de inteligência artificial, eles propuseram que nossos artistas figurantes pudessem ser digitalizados, pagos por um dia de trabalho, e a empresa ia possuir essa digitalização, a imagem, poderia usá-la para o resto da eternidade em qualquer projeto que quiserem, sem consentimento e sem compensação”, disse Duncan Crabtree-Ireland, nomeado pelo SAG-AFRTRA para negociar com os estúdios, na coletiva de imprensa realizada na tarde de quinta-feira para anunciar a greve. “Então, se acham que é uma proposta inovadora, sugiro que pensem novamente.”
A presidente do sindicato dos atores, Fran Drescher, também na coletiva de imprensa, reforçou os problemas da incorporação da IA em Hollywood, algo que os roteiristas, que também estão em greve, vêm pontuando. “Se não nos mantivermos firmes agora, todos teremos problemas, todos correremos o risco de sermos substituídos por máquinas”, disse Fran.
Em outro momento, a atriz fez duros comentários sobre o gigantes dos streamings – que integram a Alliance of Film and Television Producers (AMPTP em inglês), tais como Netflix, Disney, Amazon Prime, Paramount e Warner Bros – e os classificou como “nojentos”. Segundo ela, tais empresas se recusam a compartilhar de forma justa parte do lucro com os atores que participam das atrações.
“Eu estou em choque pela maneira como as pessoas com as quais fazemos negócios estão nos tratando”, alegou. “Eles alegam pobreza, (dizem) que estão perdendo dinheiro a torto e a direito, enquanto dão a seus CEOs centenas de milhões de dólares”, enfatizou.
“É nojento. Tenho vergonha delas”. Fran Drescher ainda pontuou que essas companhias estão do lado errado na história neste momento. O movimento que se instaura hoje, conforme afirma, é fruto de uma união sem precedentes
O debate sobre o uso da inteligência artificial em Hollywood tem gerado diversas críticas e, inclusive, medidas inusitadas por parte dos atores. Whoopi Goldberg, por exemplo, já deixou registrado em seu testamento que ela não poderá ser transformada em um holograma após a sua morte. As informações são dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo.