Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de setembro de 2023
O sindicato de três grandes montadoras americanas iniciou uma greve simultânea sem precedentes em três fábricas dos Estados Unidos para exigir aumentos salariais, uma medida que ameaça a economia do país, mas que recebeu o apoio do presidente Joe Biden.
Em frente à fábrica da Ford em Wayne, na região de Detroit (Michigan), buzinas e aplausos saudaram a chegada do presidente do poderoso sindicato United Auto Workers (UAW), Shawn Fain, que pouco antes havia anunciado as três instalações escolhidas para iniciar a paralisação, uma de cada grupo envolvido: General Motors, Ford e Stellantis.
“Esta noite, pela primeira vez em nossa história, vamos entrar em greve nas “Três Grandes'”, afirmou Fain um pouco antes do fim do prazo-limite para chegar a um acordo para o convênio coletivo, em particular sobre o aumento dos salários.
A última greve do setor, em 2019, afetou apenas a GM, com uma paralisação de seis semanas. O UAW exige aumento salarial de quase 40% em quatro anos, enquanto as três montadoras americanas não ultrapassaram os 20% (Ford), de acordo com o sindicato.
Além da fábrica em Wayne, os outros dois centros que entraram em greve são as montadoras em Wentzville (Missouri), da GM, e em Toledo (Ohio), da Stellantis. Segundo o sindicato, cerca de 12.700 empregados entraram em greve na sexta-feira.
Mas o movimento poderia se estender, destacou Fain, que instou os aproximadamente 146.000 membros do sindicato que trabalham para essas montadoras a se prepararem para aderir à greve, conforme a evolução das negociações.
Um conflito social prolongado poderia ter consequências políticas para Biden, cuja gestão na economia recebe críticas, sobretudo, pela inflação persistente.
Apoio de Biden
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que “entende a frustração” dos trabalhadores do sindicato United Auto Workers (UAW), que entraram em greve no país contra montadoras, exigindo contratos que garantam salários maiores. “Ninguém quer que essa greve dure, mas eu respeito e entendo a decisão dos trabalhadores”, afirmou.
Segundo o presidente, os lucros recordes do setor não têm sido transmitidos de forma justa aos trabalhadores, que merecem uma parcela maior e um contrato que dê direitos e melhor remuneração. “Trabalhadores de montadoras ajudaram a criar uma classe econômica saudável em nosso país, e por isso merecem um contrato que garanta que eles vão pertencer a esta classe”, disse.
Em campanha para a reeleição em 2024, Biden caminha sobre um terreno espinhoso e deve manter um equilíbrio entre o apoio expresso aos sindicatos e o temor sobre as consequências desta greve para a economia americana.
Segundo a consultoria Anderson Economic Group (AEG), uma greve de dez dias poderia representar mais de 5 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 24 bilhões, na cotação atual) em perdas para a economia americana.
As negociações entre sindicatos e montadoras para elaborar os novos acordos coletivos por quatro anos começaram há dois meses.