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Brasil Gripe: vacinação de idosos no Brasil tem a menor taxa já registrada, com 55%

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Os idosos são mais suscetíveis a quadros graves e complicações da doença.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Serão 45 locais aplicando o imunizante contra a Covid-19. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Desde o início da pandemia de Covid-19, a gripe ficou um pouco de lado. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza anualmente, de forma gratuita, um fármaco contra o vírus influenza em idosos. A campanha desde ano alcançou apenas 55% deste público. Segundo a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a taxa representa um recorde de baixa cobertura.

Os idosos são mais suscetíveis a quadros graves e complicações da doença, e a população com mais de 60 anos está aumentando no País. Levantamento do Ministério da Saúde mostra que os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por influenza em idosos aumentaram 4,5 vezes este ano, na comparação com o mesmo período de 2022, sendo que 96,1% desses casos levaram à hospitalização até o mês de maio deste ano.

Em entrevista ao jornal EXTRA, a infectologista explica os motivos que levaram a essa queda histórica e alerta para a importância da vacinação contra a gripe, em especial entre idosos. Confira.

Dados do Ministério da Saúde apontam que apenas 55% dos idosos foram vacinados contra a gripe durante a campanha nacional. Essa taxa é preocupante?

Muito. Essa é a menor cobertura da história. A vacinação continua e aos poucos a taxa está subindo, mas mesmo que chegue aos 70% de cobertura, por exemplo, ainda será o menor índice.

Por que uma baixa taxa de vacinação nesse público é preocupante?

Quando pensamos em gripe, que é a doença causada pelo vírus influenza, a primeira coisa que vem à cabeça são os sintomas do impacto direto do vírus, que é um quadro clínico de febre, dor no corpo, coriza, cansaço e fadiga. Mas isso é a ponta do iceberg. O influenza desencadeia uma série de complicações, em especial em pessoas com mais de 60 anos de idade que já têm comorbidades, como diabetes, enfisema, hipertensão e colesterol alto, entre outras.

Quais são essas complicações?

Uma das mais comentadas hoje em dia é o infarto agudo do miocárdio. O idoso tem um quadro de influenza e naquela primeira semana pós-gripe, o risco de ter um infarto é praticamente seis vezes maior do que alguém na mesma idade que não teve influenza.

É comum ouvirmos pessoas dizerem “tomei a vacina e peguei gripe” e, por isso, muitas optam por não se vacinar. O que acha disso?

A vacina da gripe está longe de ter 100% de eficácia na prevenção da doença, e quanto maior a idade da pessoa, menor é a eficácia. Por exemplo, uma pessoa de 50 anos vai ter uma proteção em torno de 60% a 65%. Já em alguém de 70 anos, essa proteção cai para 40% a 50%. Então, é claro que a vacina tem suas limitações. Mas conseguir evitar metade dos casos numa população tão vulnerável já é um grande ganho.

Como saber se é gripe ou outro vírus?

Do ponto de vista clínico, a gripe habitualmente é um quadro febril, de início agudo e abrupto. A pessoa se sente bem e, de repente, começa uma febre. É diferente de um quadro em que a pessoa já vem se sentindo mal ou com outros sintomas nos dias anteriores à febre. Além da febre elevada, de início abrupto, ela sente muita dor de cabeça, muita dor no corpo, tosse, coriza etc.

Quais são os motivos da baixa taxa de vacinação entre idosos?

Há uma associação de vários fatores que contribuem para essas coberturas tão baixas. Em primeiro lugar, todo mundo está muito cansado de falar em vacina e doença respiratória. O segundo ponto é que como a vacinação contra gripe foi atrelada à vacina bivalente contra a Covid, que muita gente não quer tomar, as pessoas estão com medo de ir ao posto para tomar a vacina da gripe e ter que tomar a bivalente. Terceiro, as pessoas não estão sentindo a circulação do influenza, o que traz uma falsa sensação de que não é necessário se vacinar.

Como aumentar essa taxa de vacinação?

Acho que comunicação é fundamental. A gente precisa se comunicar melhor. Existem os famosos três “Cs” da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre vacinação. O primeiro deles Confidence, que é a confiança. As pessoas precisam ter confiança naquela vacina. O outro é Compliance, que é no sentido de percepção de risco. A população precisa entender que aquela doença representa um risco para ela. E o último é convenience, que é conveniência. Ou seja, a vacina precisa estar disponível em um local e horário que a pessoa possa ir, que não tenha fila e que, ao chegar lá, a vacina esteja realmente disponível.

Existem outras medidas de prevenção contra a gripe além da vacina?

A higiene das mãos é a principal delas. Sempre que alguém pegar um transporte coletivo, abrir uma porta, for a uma farmácia e a qualquer outro lugar com muitas pessoas, é preciso higienizar as mãos depois com álcool gel ou água e sabão. Manter uma boa hidratação também é muito importante. Muitas vezes, o idoso esquece de beber água e isso também aumenta a predisposição a infecções. Ter uma alimentação saudável também ajuda na resposta imunológica. Quem puder, deve fazer atividade física.

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https://www.osul.com.br/gripe-vacinacao-em-idosos-tem-a-menor-taxa-da-historia-com-55/ Gripe: vacinação de idosos no Brasil tem a menor taxa já registrada, com 55% 2023-07-10
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