O grupo Fragmento Urbano apresenta neste sábado (25) e no domingo (26), o espetáculo de dança Por entre Esquinas, com transmissão pela internet. Em 56 minutos, os seis dançarinos propõem uma discussão sobre diversos aspectos do universo do homem negro. “O espetáculo tem a duração de 56 minutos, por causa da expectativa de vida do homem negro na periferia”, explica o diretor do grupo, Douglas Iesus.
Além da exibição, a companhia vai promover uma série de debates ao longo da próxima semana entre integrantes do grupo e convidados. Estarão em pauta temas como a saúde mental do homem negro, a masculinidade e a expressão pela escrita.
“Ele discute sobre os lugares onde os homens pretos constroem suas identidades”, destaca Iesus. A ideia surgiu em pesquisa que o grupo vinha desenvolvendo. “Nós tivemos um espetáculo anterior chamado Encruzilhada, no qual a discussão de gênero foi muito forte dentro do processo, da circulação e do próprio trabalho.”
A constituição do homem negro é retratada a partir de espaços de vivência marcantes. “Dentro da proposta cênica, a gente passa pela fogueira. A própria brincadeira na rua, a correria na rua”, afirmou o diretor, sobre como essa trajetória começa a ser estabelecida.
Marcas do racismo
“A gente discute qual é a idade em que o homem negro para de correr na rua, na brincadeira, no pega-pega”, ressalta, ao explicar a construção do espetáculo, entrando no tema do racismo. “Tá todo mundo ligado que um homem negro mais velho correndo na rua pode ser confundido com um bandido”, afirma, sobre a passagem para a adolescência, que traz marcas dessa violência.
“Aí, correr dentro da quadra você pode. A gente se apaixona pelo futebol porque é uma paixão nacional ou por que é a única condição, na periferia, que a gente continue se exercitando, correndo e brincando com os amigos?”, ressalta, a respeito das reflexões incitadas pelo trabalho.
As contribuições das gerações anteriores e o envelhecimento também estão dentro dos temas explorados pelo grupo. “Muitas coisas políticas que eles construíram lá atrás foram para calçar a gente. E, hoje, a gente pode construir outras coisas, inclusive, essa discussão sobre masculinidade.”
Online
Sobre a experiência de exibir o espetáculo pela internet, o diretor acredita que é uma forma de se apropriar das novas tecnologias. “Essas redes já estavam aí. Mas, muitas vezes, até que haja uma pandemia como essa [do coronavírus], essas coisas não chegam. Está sendo legal pensar como produzir material de qualidade para a interneT.”
O espetáculo pode ser visto às 19h de sábado (25) e domingo (26), no Youtube. Após a apresentação o vídeo ficará disponível por 24h.