A queda de braço entre os grupos do senador Renan Calheiros e Michel Temer, teve um desfecho ontem à noite. Estimulado pelo ex-presidente Lula, agora coordenador político informal do governo, o senador Renan Calheiros vinha articulando para adiar a reunião do diretório nacional do PMDB, marcada para o próximo dia 29. A rejeição dos peemedebistas à articulação do ex-presidente foi instantânea e, segundo o deputado federal Darcísio Perondi, “em poucas horas graças a essa rejeição a Lula dentro do partido, contabilizamos 75% de apoio à reunião que vai decidir a saída do PMDB do governo Dilma”. Com isso, o PMDB será o protagonista da política brasileira na próxima semana. Perondi é claro: “o que está pesando na posição dos peemedebistas, é o clamor das ruas, ninguém ousa contrariar essa voz das ruas que está cada vez mais forte”.
Desdobramentos após a reunião do PMDB
Caso se confirme a decisão do PMDB de deixar o governo, o efeito será imediato: a segunda maior bancada de apoio ao governo depois de PMDB e PT, o Partido Progressista, hoje com 48 deputados, também abandona a base governista, selando definitivamente a sorte do processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
A resposta de Henrique Fontana
A base do governo acusou o golpe, e reage com veemência ao movimento que vem se fortalecendo, de levar o vice Michel Temer à Presidência da República. Ontem, o deputado gaúcho Henrique Fontana, um dos líderes que mantém um discurso de bom nível, enfrentou a questão de forma clara ao descrever o cenário visto pelo olhar do governo: “está em curso no Brasil uma tentativa de golpe institucional para levar ao poder quem não recebeu votos com o objetivo de frear as investigações em andamento”. “PSDB e setores da oposição se aliam a setores do PMDB para abrir condições e frear investigações, coisa que a presidenta Dilma jamais fez em cinco anos de governo. A comissão de impeachment é um tribunal de exceção para cassar sem argumento, sem fato e sem crime cometido. O motivo para cassar seriam seis decretos de suplementação orçamentária, prática utilizada por governos como FHC e Lula, aprovados pelo Congresso.”
PCdoB ganha mais um ministério
De nada adiantou o malabarismo do deputado George Hilton, deixando o PRB e trocando de partido para se manter à frente do Ministério do Esporte. O governo já anunciou que o ministério irá para o PCdoB como prêmio pela lealdade dos comunistas ao governo Dilma.
O listão da Odebrecht
O listão de supostas doações da Odebrecht para candidatos às eleições municipais de 2012 foi explosivo por envolver políticos de 19 partidos, incluindo governo e oposição. O problema é que os dados, como figuram na lista, misturam doações legais e outras que ficaram no Caixa 2 de algumas campanhas.