Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de dezembro de 2020
Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articulam a formalização de um bloco com MDB, DEM, PSDB, PV e Cidadania para a eleição do comando da Casa, em fevereiro. As siglas reúnem 106 deputados. Congressistas ainda tentam atrair o Republicanos e parte do PSL. Integrantes das siglas, porém, dizem que só aceitam a composição quando estiver definido quem será o candidato à presidência no grupo.
Se essas legendas aceitarem o convite, o total de deputados vai a 158. São necessários 257 dos 513 para a eleger, em primeiro turno, quem comandará a Câmara pelos próximos dois anos. O objetivo do bloco é justamente mostrar coesão entre os partidos do grupo de Maia.
Nesta semana, Maia e o presidente do DEM, ACM Neto, afirmaram a deputados aliados e da oposição, e também a ministros, que Maia não tentará a reeleição. Ainda assim, deputados desconfiam. Mesmo nesse “núcleo duro”, por exemplo, há divergências sobre apoio a uma possível reeleição de deputado.
O plano de Maia de tentar a recondução enfrenta resistência até mesmo nas bancadas de esquerda, que o apoiaram nas eleições anteriores. A formação do bloco partidário na Câmara é um passo para tentar manter as alianças de Maia no poder. Se ele não conseguir se viabilizar, o grupo passa a representar a sustentação política do candidato da principal ala independente ao governo.
O grupo espera conseguir apoio do PSL se o partido concluir que a pré-candidatura de Luciano Bivar (PSL-PE), presidente da sigla, não é viável. Dos 41 deputados da legenda, espera-se o apoio de cerca de 20, mais ligados a Maia.
O líder do DEM, Efraim Filho (PB), disse que a intenção é oficializar a união das siglas o quanto antes. “O diálogo é permanente [entre as legendas], a engenharia política está em andamento e até o início da semana que vem devemos ter o bloco formado”, afirmou. Uma vez constituído o grupo, o objetivo será atrair a esquerda (PT, PSB, PDT, PC do B e PSOL), que tem reúne 132 deputados.
Em encontro com líderes partidários dessa ala nesta semana, Maia ouviu que não teria o apoio das principais siglas –PT e PSB– para a reeleição. Foi um revés para a intenção de se manter no cargo mesmo se o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, por maioria, liberar a candidatura.
Se sair da disputa, Maia tem uma lista de aliados para lançar. Os principais são Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Bivar. A indefinição gera discordâncias no seu entorno. Avançou na semana passada uma articulação para os partidos formarem um bloco na Câmara antes do recesso.
Por ora, o acordo entre esses nomes é que será candidato aquele que aglutinar a maioria dos apoios da esquerda e de outros partidos. MDB, DEM, PSDB, PV e Cidadania formam o “núcleo duro”, mas não estão livres de divergências, especialmente no momento de tentar se unir em torno de um único candidato do bloco à presidência.
Por isso, a ideia é que o grupo já busque um consenso até o fim do ano. Assim, a campanha em janeiro se concentraria em um candidato, e não em uma ala, para tentar derrotar os aliados do governo Jair Bolsonaro. Se atraírem a esquerda na sua totalidade – o que é difícil ocorrer, já que há defecções também dentro das legendas da oposição –, os articuladores do bloco terão apoio de 290 parlamentares, mais do que suficiente para eleger o próximo presidente. Nesse cenário, mal haveria disputa na Câmara.