Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2017
A companhia de alimentos JBS suspendeu temporariamente na quarta-feira (13) compras de gado em algumas unidades do Brasil, no dia em que o presidente-executivo da companhia, Wesley Batista, foi preso em São Paulo como parte da operação Tendão de Aquiles, da Polícia Federal, disseram fontes do setor.
A prisão do executivo, integrante da família que é sócia majoritária do maior produtor de proteína animal do mundo, deixou o mercado de gado no Brasil apreensivo e em compasso de espera em relação aos desdobramentos do caso.
A “parada estratégica” nesse período de indefinição é natural, segundo o vice-presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), Pedro de Camargo Neto, até porque, em última instância, a ordem de compra de gado vinha de Wesley. Camargo Neto disse esperar que a situação se resolva nos próximos dias e não vê motivo para um novo pânico no mercado, como o que tomou conta dos pecuaristas na época da divulgação do acordo de leniência dos irmãos Batista com o MPF (Ministério Público Federal), em maio.
Na época da divulgação da delação, a JBS ainda não havia renegociado a dívida com os bancos – a empresa alongou prazos para débitos de quase R$ 20 bilhões – e se especulava que a companhia pudesse entrar em recuperação judicial. Agora, a situação é vista de forma diferente.
A série de vendas de ativos feita pela J&F, que controla o grupo de alimentos, veio para tranquilizar o setor sobre a capacidade de pagamento das empresas que pertencem ao grupo. Entre os negócios de que a J&F se desfez, estão a Alpargatas (dona da Havaianas) e a Eldorado Brasil (de celulose e papel). Apesar das vendas de ativos e renegociações com bancos, a JBS ainda contabiliza dívida bruta de cerca de R$ 60 bilhões. Grupo JBS/Friboi suspendeu a compra de gado após a prisão de seu presidente.
Frigoríficos
O grupo JBS tem oito dos 22 frigoríficos de bovinos ativos do Estado do Mato Grosso. No entanto, suas unidades – duas em Campo Grande e as demais em Anastácio, Nova Andradina, Cassilândia, Iguatemi, Naviraí e Ponta Porã – concentram o maior volume de abates. Desde 2015, foram fechados 14 frigoríficos em Mato Grosso do Sul, passando de 36 para 22, de acordo com dados do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Cartel
A Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) recomendou ao tribunal do órgão antitruste a condenação de José Batista Júnior, conhecido como Júnior Friboi, e do frigorífico Independência em processo administrativo sobre formação de cartel no mercado nacional de compra de gado para abate. O parecer foi publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira.
O empresário é o irmão mais velho de Joesley e Wesley Batista, que atualmente estão presos por envolvimento em um grande escândalo de corrupção e são investigados em diversas operações da Polícia Federal.
Batista Júnior chegou a comandar os negócios da família, sendo presidente da Friboi, que antecedeu a JBS, antes de vender sua participação na holding J&F Investimentos, em 2013.