Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de fevereiro de 2025
Durante a entrega dos corpos, o Hamas estampou uma imagem do primeiro-ministro israelense com dentes de vampiro e sangue saindo da sua boca
Foto: Reprodução de vídeoO Hamas entregou nessa quinta-feira (20) os corpos de quatro israelenses sequestrados durante o ataque de 7 de outubro de 2023 como parte do acordo de troca de reféns por prisioneiros palestinos. O grupo terrorista afirma que os corpos são do idoso Oded Lifshitz, de 84 anos, e de Shiri, Kfir e Ariel Bibas, uma mãe e seus dois filhos, que se tornaram símbolo para os grupos que militam pela libertação dos reféns.
Os quatro cidadãos israelenses foram capturados no kibutz Nir Oz, no sul de Israel, durante o atentado lançado pelo Hamas. As imagens de Shiri abraçada aos dois filhos, enrolada em um pano, enquanto era conduzida por terroristas armados, correram o mundo, oferecendo um vislumbre do drama dos civis durante o ataque.
Seu filho mais novo, Kfir, sequestrado quando tinha 9 meses de vida, era o refém mais jovem a ser levado para Gaza. Após o retorno dos corpos a Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o país estava “unido em uma dor insuportável”, e prometeu vingança contra o grupo palestino.
“Todos nós sofremos com uma dor misturada com raiva. Estamos todos furiosos com os monstros do Hamas”, disse ele, acrescentando que Israel deve “acertar as contas com os assassinos vis”, antes de citar o salmo 94, que diz: “Ó Eterno, Deus de vingança, mostra-te. Aparece, ó Deus da vingança”.
Embora seja a primeira vez que o Hamas devolve corpos de reféns a Israel como parte do acordo de cessar-fogo, o grupo repetiu o mesmo ritual utilizado nas cerimônias coreografadas de entrega dos prisioneiros vivos. Homens fardados se posicionaram em um palco em Khan Younis, que recebeu os caixões fechados. Uma equipe de cinegrafistas, também fardada, filmou tudo.
Cada um dos caixões pretos continha uma pequena foto dos mortos, enquanto, ao fundo do palco, uma imagem retratando Netanyahu como um vampiro denunciava que os reféns haviam sido mortos em ataques israelenses. Réplicas de projéteis de fabricação americana foram colocadas no palco, a fim de reforçar a narrativa de que os mortos teriam sido alvejados pelas forças do Estado judeu.
“O criminoso de guerra Netanyahu e seu Exército nazista mataram-nos com mísseis disparados de aviões sionistas”, dizia uma frase no mural montado pelo grupo armado.
O Hamas anunciou no final de novembro que Shiri, Kfir e Ariel haviam morrido durante um ataque israelense em Gaza, em novembro, que atingiu o cativeiro em que estavam. A informação, porém, nunca foi confirmada pelo Exército israelense, o que fez com que muitas pessoas no país mantivessem a esperança de que as crianças e a mãe voltariam para casa em segurança. Yarden Bibas, pai dos meninos e marido de Shiri, que também foi sequestrado, foi libertado em 1º de fevereiro
David Mencer, porta-voz do governo israelense, chamou o Hamas de um “culto à morte” depois da exibição dos caixões durante a entrega à Cruz Vermelha.
“O Hamas não é um movimento de resistência. O Hamas é um culto à morte que assassina, tortura e exibe cadáveres”, disse Mencer a jornalistas.
Um membro do Hamas, com o rosto envolto em um lenço palestino vermelho e branco, sentou-se no palco para preencher documentos com um oficial da Cruz Vermelha, antes que os caixões fossem carregados em veículos da organização. Mais tarde, as Forças Armadas de Israel confirmaram que receberam os caixões, e que eles seriam levados ao Instituto Nacional de Medicina Forense para passar por um processo de identificação, que pode durar até 48 horas. Até o momento, apenas o corpo do idoso Oded Lifshitz foi reconhecido.
Para que fossem transportados em Israel, os caixões passaram por uma inspeção de segurança — um gesto que demonstra o nível de desconfiança entre as partes envolvidas no conflito, apesar do cessar-fogo negociado com ajuda de mediadores estrangeiros, e após meses de pressão internacional.
O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos, organização civil que representa a maioria dos parentes de pessoas sequestradas, marcou uma cerimônia em Tel Aviv para homenagear Oded e a família Bibas.
“Juntos, carregaremos a dor e a memória, e declararemos em voz clara: o tempo acabou para os reféns que ficaram para trás! Eles devem ser devolvidos imediatamente — os vivos para reabilitação, e os caídos para um enterro adequado”, anunciou a organização.