Três grupos de defesa do direito ao aborto dos Estados Unidos afirmaram que gastarão US$ 150 milhões nas eleições de meio de mandato de 2022, concentrando os esforços nos chamados Estados pêndulos, onde ora vencem democratas, ora republicanos, à medida que intensificam os esforços para proteger o acesso ao aborto em todo o país.
O Planned Parenthood Action Fund, o NARAL Pro-Choice America e o Emily’s List afirmaram que o investimento conjunto tem objetivo de “responder agressivamente aos ataques sem precedentes aos direitos sexuais e reprodutivos e ao aborto em todo o país e aumentar a conscientização dos eleitores sobre os parlamentares a quem devemos culpar”.
A Suprema Corte dos EUA deve decidir até o final de junho sobre um caso envolvendo uma lei de aborto do Mississippi, apoiada pelos republicanos, que tem o potencial de alterar ou reverter a decisão histórica de 1973 Roe vs. Wade que legalizou o aborto em todo o país.
Durante os argumentos orais no caso, os juízes conservadores sinalizaram a disposição de reduzir drasticamente os direitos ao aborto nos EUA. Além disso, na noite de segunda-feira, o jornal digital Politico vazou um esboço da decisão favorável a derrubar o direito ao aborto no país.
Em antecipação à decisão, os parlamentos estaduais liderados pelos republicanos estão aprovando proibições cada vez mais rígidas ao aborto. Só este ano, cinco estados promulgaram leis que proíbem o aborto no início da gravidez, ao contrário do permitido sob a decisão Roe vs. Wade.
Os três grupos disseram que o dinheiro será gasto principalmente em estados que podem ser parte integrante de seus esforços para manter o acesso ao aborto em todo o país, como como Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Califórnia.
O dinheiro será destinado, entre outras atividades, para publicidade, divulgação e ações presenciais nas capitais dos estados e em Washington. As organizações apoiarão candidatos em nível estadual e nacional.
“Chegamos a um momento de crise para o acesso ao aborto porque os políticos conservadores se engajaram em um esforço coordenado para controlar nossos corpos e nosso futuro”, disse Alexis McGill Johnson, presidente da Planned Parenthood, em um comunicado.
Uma pesquisa de 2021 com “eleitores registrados ambivalentes” na maioria dos estados pêndulos (swing states em inglês), encomendada pela Planned Parenthood, Emily’s List e American Bridge 21st Century, descobriu que a questão do direito ao aborto motivou os eleitores a apoiar os democratas em detrimento dos republicanos por uma ampla margem.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos de dezembro do ano passado mostrou que 48% dos adultos americanos acreditam que o aborto deve ser legal na maioria ou em todos os casos; 38% dizem que deve ser ilegal em todos ou na maioria dos casos; e 14% não têm certeza.