Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de outubro de 2024
O amor de mãe sempre é imenso, inclusive por quem tem filhos de quatro patas. Donos e donas de animais de estimação não renunciam a seus pets de forma nenhuma, a ponto de manter contato com seus ex-companheiros (as) para ficar bem perto do seu bichinho.
A adestradora Fernanda Fernandes afirma que a separação é prejudicial para o cachorro. “Ele está acostumado com uma rotina de casal e vem com uma ansiedade de separação, porque está sempre com os dois. Vou te dar um exemplo péssimo para o cachorro: Casal que briga, briga, grita. Nossa, o pet fica apavorado. O grito, ele sente muito, e pode gerar estresse. Está acostumado a ver sempre os dois. A vida do pet é curta, então uma separação se torna muito relevante. Por isso que é importante ter o acordo da guarda para que o pet se acostume com a casa dos dois. Mas, no início da separação o pet sofre”.
Para a veterinária Débora Martins, cada pet reage de uma forma.”O resultado vai variar de animal para animal, de como é a ligação com os tutores. O cão, de uma maneira geral, tem um comportamento de matilha. Então, quando alguém está faltando nessa matilha, ele tende a ficar estressado, porque não consegue compreender o que aconteceu’’, explica Débora.
Ela vai além: “Existem animais que já têm um temperamento mais ansioso e exacerba quando percebe que uma das pessoas da matilha foi desligada. Isso pode provocar traumas emocionais e inseguranças. No cachorro, eu não vou dizer que é igual a uma criança, porque são espécies diferentes e os vínculos afetivos se formam de maneira distinta, mas realmente é um fator estressante. Tenho casos de animais que ficaram super bem e de outros que simplesmente não funcionou”.
Da mesma opinião compartilha a veterinária Vivian Quito. “Os animais são seres com sentimentos, isso já foi comprovado cientificamente. Então, a separação pode afetar muito a sua saúde mental e seu comportamento. Tanto os cães quanto os gatos gostam de uma rotina e de previsibilidade para se sentirem seguros. Eles precisam saber e ter segurança que vão receber comida, passear, brincar com o tutor. Tudo que sai dessa rotina gera um estresse e uma ansiedade. Eles se sentem perdidos e não sabem o que vai acontecer. Numa separação essa rotina muda bruscamente. O ambiente também muda”.
A profissional afirma que os animais passam até por um processo de luto no caso de um desenlace dos donos.”Nós humanos sabemos que a outra pessoa não vai voltar, eles não. Então, em uma separação eles acabam vivendo um certo luto pois não entendem o que está acontecendo e sentem saudades da outra pessoa. Ficam esperando a outra pessoa. Com a separação eles passam a se sentir inseguros. Tristes, ansiosos e até depressivos”, diz Vivian, acrescentando que o comportamento também muda.
“Eles podem passar a ter comportamento compulsivo, hiperatividade, morder ou lamber as patas em excesso. Podem começar a destruir móveis ou objetos e fazer xixi e cocô fora do lugar. Aumento ou perda de apetite. Alguns podem ficar agressivos ou teimosos. Podem passar a vocalizar em excesso, latir, uivar, choramingar. E alguns podem querer se isolar. Ficando mais apáticos e depressivos”.
Para a veterinária, nem sempre a guarda compartilhada é a melhor saída. “Pode gerar um estresse ainda maior. Porque o animal terá duas casas. É isso é muito confuso para eles. Principalmente no começo. O ideal, na minha opinião, é ficar com o tutor que ele é mais apegado e na casa onde já vive. E aí esse tutor precisa manter a rotina do animal. Ele precisa saber que apesar das mudanças tudo continua previsível. E aí aos poucos pode começar a passear na outra casa. E ir aumentando aos poucos esse convívio . E o tutor da casa nova precisa criar uma rotina por lá também para que o bicho possa se acostumar com a nova rotina”.