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Guerra de Putin: Rússia condiciona envio de gás para Europa ao fim das sanções do Ocidente

Nord Stream sofreu danos e liberou gás em parte do Mar Báltico próximo à Dinamarca. (Foto: Nord Stream)

A Rússia anunciou nesta segunda-feira (5) que só vai retomar o fluxo de fornecimento de gás para a Europa pelo gasoduto Nord Stream 1 quando o “coletivo do Ocidente” suspender as sanções impostas ao país por conta da invasão da Ucrânia. Com a decisão, o preço do gás no continente saltou até 35% hoje, a maior alta em quase seis meses. A medida também derrubou as Bolsas locais.

Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, culpou a enxurrada de sanções da União Europeia, do Reino Unido e do Canadá pelas dificuldades que o país enfrenta para retomar a entrega do gás pelo gasoduto Nord Stream 1. Com mais de 1,2 km de extensão, ele corta o Mar Báltico ligando a russa São Petersburgo à Alemanha e supria, sozinho, 15% do gás consumido pelos europeus antes de o conflito eclodir:

“Os problemas no bombeamento de gás surgiram por causa das sanções que países ocidentais introduziram contra nosso país e várias empresas”, disse Peskov. A declaração corresponde à primeira vez que o Kremlin faz uma associação direta às sanções e a abertura das torneiras.

A estatal russa Gazprom fechou o Nord Stream 1 na semana passada para uma manutenção prévia que duraria três dias, acendendo os alertas europeus de que pudesse não ser religado. Houve o mesmo medo há pouco mais de um mês, quando o gasoduto ficou dez dias parado, mas foi reiniciado com o mesmo fluxo de 40% de antes do reparo. Dias depois, foi reduzido para 20%.

Na última sexta (2), contudo, a Gazprom anunciou que não reativaria o duto, alegando ter identificado um vazamento de óleo em uma turbina a gás que ajuda a bombear o combustível, e não anunciou uma nova data para que voltasse a funcionar. O anúncio foi feito no mesmo dia em que o G7, grupo que reúne as economias mais avançadas no planeta, disse que limitaria o preço do petróleo russo.

Cortes

A Gazprom alega que as turbinas usadas no Nord Stream 1 são de fabricação alemã e canadense, e que as sanções dificultam o reparo dos equipamentos. Há semanas, uma das peças está presa em um limbo na Alemanha, com Moscou e Berlim debatendo sobre quais são os documentos necessários para autorizar seu transporte.

O governo do chanceler Olaf Scholz acusa Moscou de chantagem e de usar o combustível como “arma de guerra” — a Alemanha importava da Rússia 55% de seu gás antes da guerra, percentual que em julho já havia caído para 35%. Nesta segunda, a União Europeia (UE) questionou os motivos:

“É importante lembrar que não existe apenas um gasoduto que conecta Rússia e Europa. Se houve um problema técnico que está impedindo o fornecimento via Nord Stream 1, haveria possibilidade, se houvesse disposição para isso, de entregar o gás à Europa por meio de outros gasodutos”, disse Tim McPhie, porta-voz energético da Comissão Europeia.

A Rússia continua a enviar gás para a Europa por meio de gasodutos soviéticos que cruzam a Ucrânia, além do South Stream, pela Turquia. Também houve, no entanto, baixa no fornecimento feito por esses dutos após a guerra, deixando a Europa vulnerável aos preços e com poucas alternativas para estocar o combustível nesses meses que antecedem o inverno no Hemisfério Norte.

O objetivo do Kremlin é que a crise energética europeia faça o Ocidente dar um passo atrás com suas sanções em massa, cujo fim é limitar os recursos russos para financiar a guerra. Segundo Peskov, “é óbvio que a vida está piorando para as pessoas, os empresários e as empresas da Europa”.

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