Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2023
Especialistas apontam que o risco principal é a cotação do petróleo.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência BrasilO conflito entre Israel e Hamas, que teve seu início no dia 7 deste mês, pode impactar a inflação, fazendo os preços subirem mais que o previsto? E como isso pode acontecer? Especialistas apontam que o risco principal é a cotação do petróleo.
Na última semana, após os ataques terroristas do Hamas a Israel, os contratos futuros do Brent (sigla que normalmente acompanha a cotação do petróleo e indica a origem do óleo e o mercado onde ele é negociado) subiram 8%. Até este momento, foram contabilizados 4.208 mortos — 2.808 palestinos e 1.400 israelenses, a grande maioria civis.
Para André Braz, economista responsável pelos índices de preços do FGV/Ibre, tudo dependerá da duração da guerra. Se o confronto se mantiver por muitos meses, com a entrada de outros países no conflito, a Petrobras será obrigada a reajustar os preços da gasolina e do diesel.
“A gasolina traz um efeito imediato para o IPCA. A cada 1% de alta da gasolina, o IPCA sobe 0,05 ponto percentual”, explicou.
No caso do diesel, o impacto é indireto. À medida que o diesel fica caro, vários outros itens que usamos no dia a dia também encarem, como frete, movimentação de máquinas no campo, geração de energia termoelétrica e até passagem de ônibus. Braz acredita que, a despeito desse risco, a inflação deste ano fechará abaixo do teto da meta para o IPCA de 2023, que é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
O Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central com analistas de mercado, divulgado nesta segunda-feira (16) que os economistas reduziram a expectativa para a alta de preços deste ano para 4,75%, exatamente o teto do objetivo.
“Eu faço coro com o Focus”, diz Braz.
“Acredito até que o IPCA pode vir abaixo do teto da meta. Mas é claro que ainda há outras incertezas no mundo, como o El Niño e a guerra, que gera incertezas em torno dos preços das commodities”, complementa.
Para 2024, a projeção da inflação ficou em 3,88%, mesmo índice da semana anterior. Já para o crescimento da economia, medido pelo PIB, a expectativa dos analistas do mercado financeiro permaneceu num crescimento de 2,92% neste ano. A previsão do PIB para o ano que vem também não teve alteração, continua em 1,5%.
Em outros dados avaliados para este ano, o dólar deve terminar valendo R$ 5 e a taxa Selic 11,75%.