Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de março de 2022
Dez milhões de pessoas fugiram de suas casas na Ucrânia devido à guerra “devastadora” da Rússia, disse o chefe do Alto Comissariado da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Filippo Grandi, no domingo (20). “A guerra na Ucrânia é tão devastadora que 10 milhões de pessoas fugiram, seja como deslocados internos ou refugiados no exterior”, disse o chefe do Acnur em sua conta no Twitter.
Segundo o Acnur, 3.389.044 ucranianos deixaram o país desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro. Só neste domingo (20), 60.352 seguiram o caminho do êxodo.
Outros milhões deixaram suas casas, mas permanecem dentro das fronteiras da Ucrânia. De acordo com agências da ONU e agências relacionadas, cerca de 6,48 milhões de pessoas estão deslocadas internamente na Ucrânia na quarta-feira, após uma investigação da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Fogo cruzado
Entre os que conseguiram sair de casa, mas não do país, está Kristina Djolos, que conseguiu escapar de Mariupol com o marido e o filho após passarem 16 dias em um porão sem eletricidade, sem comida, sem telefone, completamente isolados.
“No nosso abrigo todo mundo estava ficando doente porque dormíamos em pisos frios, não havia aquecimento e a cada dia ficava um pouco mais frio. Ninguém organizou uma operação para nos ajudar, não havia corredor humanitário. Em um ponto, corremos para o carro sob fogo cruzado, foi assustador”, conta Kristina.
Ao sair do abrigo, Kristina e sua família se depararam com “cabos pendurados, toda essa destruição horrível”. Ela se arrepende de não ter podido levar a sua mãe na fuga.
“Na saída da cidade, caímos em um engarrafamento e constantemente havia um avião voando acima de nós. Ele atirando o tempo todo. Quando percebi que havíamos saído pela estrada principal e que havíamos saído da cidade, comecei a me arrepender amargamente de não ter podido levar minha mãe”, lamenta.
“A última vez que a vi foi em 8 de março. Eu havia assumido o risco de correr para a casa dela sob os bombardeios. Levei-lhe água, uma maçã, algumas nozes, para os meus três irmãos mais novos. Dei tudo o que tinha para minha mãe, a única coisa que não pude levar para ela foi remédio para pressão, porque todas as farmácias já tinham sido desabastecidas”, relata.
Batalhas continuam sendo travadas nas ruas de Mariupol, ‘cidade mártir’ desta guerra, um porto industrial estratégico no Mar de Azov. Acredita-se que cerca de 300.000 pessoas ainda estejam escondidas em porões, sem água, comida, eletricidade e rede telefônica.
Sofrimento
“Entre as responsabilidades daqueles que fazem a guerra, em todo o mundo, está o sofrimento infligido aos civis que são forçados a fugir de suas casas”, disse o Acnur em comunicado. Cerca de 90% dos que fugiram são mulheres e crianças. Homens entre 18 e 60 anos podem ser convocados e não podem sair.
A Unicef, a agência da ONU para crianças, disse que mais de 1,5 milhão de crianças estão entre os que fugiram para o exterior e alertou que os riscos de tráfico e exploração de seres humanos que enfrentam são “reais e crescentes”.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) da ONU também informou que, na quarta-feira, 162.000 cidadãos de países terceiros fugiram da Ucrânia para estados vizinhos. O Acnur estimou inicialmente que até 4 milhões de pessoas poderiam deixar a Ucrânia.
Antes do conflito, a Ucrânia tinha uma população de 37 milhões em áreas sob controle do governo, excluindo a Crimeia anexada pela Rússia e as áreas separatistas pró-Rússia no leste.