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Por Redação O Sul | 7 de março de 2022
A invasão russa da Ucrânia não é a primeira vez que o presidente Vladimir Putin tenta impor seus interesses nas ex-repúblicas soviéticas usando força militar.
Primeiro foi a Chechênia, em 1999; depois a Geórgia, em 2008; em 2014, a própria Ucrânia, com a anexação da Crimeia.
Mas como essas guerras terminaram e como elas se comparam com a atual?
Chechênia (1999)
Era setembro de 1999 e Vladimir Putin, então com 47 anos, acabava de ser nomeado primeiro-ministro. Em poucos meses, Putin assumiu a presidência do país após a renúncia de Boris Yeltsin no final daquele ano.
Sua ascensão coincide com o início da segunda guerra na Chechênia, lembrada por sua brutalidade e pela consolidação de Putin como o “homem forte” capaz de controlar as ameaças internas da Rússia.
A Chechênia, uma república que já fez parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), havia conquistado sua independência em 1991 contra a vontade do governo russo.
Em 1994, tropas russas ocuparam o território para esmagar o movimento de independência. Três anos depois, diante da feroz resistência dos rebeldes chechenos, as tropas russas finalmente se retiraram.
No entanto, em 1999, houve novos confrontos entre chechenos e tropas russas. A segunda invasão de tropas russas aconteceu depois de uma série de explosões em apartamentos residenciais em Moscou, que o Kremlin atribuiu aos rebeldes islâmicos chechenos.
Em fevereiro de 2000, com Putin como presidente, suas tropas reconquistaram e arrasaram a capital chechena, Grozny. Em maio, Moscou declarou que controlava a cidade. A Chechênia foi integrada à Federação Russa em 2003 e o fim da guerra foi decretado em 2009, embora tenham ocorrido combates esporádicos de guerrilha depois disso.
O custo e a brutalidade da guerra chamaram a atenção do mundo e várias estimativas colocam o total de mortos na casa das centenas de milhares. Mas a conquista rendeu a Putin um notável aumento em sua popularidade entre os russos, depois de garantir o controle dessa república estratégica no norte do Cáucaso.
Hoje a Chechênia, que usufrui de maior estabilidade, está sob o firme controle do líder Ramzan Kadyrov, a quem os críticos acusam de ser autoritário.
Geórgia (2008)
Situada em um ponto geográfico importante, onde a Europa e a Ásia se encontram, a Geórgia emergiu como um Estado independente após o colapso da URSS em 1991.
Mas a crescente influência econômica e política dos EUA no país gerou preocupações em sua vizinha Rússia. A Geórgia manifestou interesse em ingressar na União Europeia e na aliança militar Otan.
Vladimir Putin, que a esta altura já estava no poder há quase uma década, também impôs sua mão de ferro.
As tensas relações da Geórgia com a Federação Russa aumentaram com o apoio total de Moscou às regiões separatistas da Abcásia e da Ossétia do Sul, levando a uma guerra breve, mas mortal, em agosto de 2008.
Após a tentativa da Geórgia de retomar a Ossétia do Sul por meio de força, em confronto com rebeldes apoiados pela Rússia, Putin lançou uma ofensiva que expulsou as tropas georgianas da Ossétia do Sul e da Abcásia.
Após cinco dias de conflito, em que centenas de pessoas morreram, ambos os lados assinaram um acordo de paz mediado pela França.
A Rússia reconheceu as duas regiões separatistas como Estados independentes, provocando protestos na Geórgia e em outros países ocidentais.
Crimeia (2014)
No início de 2014, a Crimeia se tornou o foco de uma das piores crises entre a Rússia e países como EUA e Reino Unido desde a Guerra Fria, depois que o presidente pró-Rússia da Ucrânia, Viktor Yanukovych, foi deposto após uma onda de protestos pró-Europa.
O povo ucraniano estava dividido entre aqueles que queriam uma maior integração com a Rússia e aqueles que apoiavam uma maior aliança com a União Europeia (UE), e Moscou decidiu intervir.
Durante grande parte de fevereiro de 2014, Putin enviou milhares de tropas para as bases russas na Crimeia. Muitos “voluntários” civis também se mudaram para a península dentro de um plano que foi realizado secretamente e com sucesso.
Em 28 de fevereiro de 2014, a Rússia estabeleceu postos de controle em Armyansk e Chongar, os dois principais cruzamentos rodoviários entre a Ucrânia continental e a península da Crimeia. Líderes pró-Rússia alegavam que precisavam proteger a Crimeia dos “extremistas” que tomaram o poder em Kiev e ameaçavam seus direitos.
Em 16 de março, os líderes locais organizaram um referendo no qual a população foi questionada se queria que a república autônoma se juntasse à Rússia.
A Ucrânia e países como EUA e Reino Unido consideraram o referendo ilegal, mas o pleito recebeu apoio total da Rússia. De acordo com autoridades locais, 95,5% dos eleitores apoiaram a anexação da Crimeia pela Rússia.
Em 18 de março, dois dias após a publicação dos resultados, Putin assinou um projeto de lei incorporando a Crimeia à Federação Russa.
A crise na Crimeia foi resolvida, mas o conflito entre os separatistas pró-Rússia na região de Donbas e no resto da Ucrânia se acentuou, preparando o terreno para Putin invadir a Ucrânia oito anos depois.