Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de março de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Quem não lembra da propaganda da Colgate na TV, em que o bordão é: “Colgate, o creme dental preferido de todos os dentistas”. Será? Qual é a fonte? Alguém perguntou se os dentistas foram perguntados? Perguntei para cinco e nenhum deles foi consultado pela Colgate. Claro que isso é fake. Como fake também é afirmar que Sonrisal alivia a azia em 6 segundos ou começa a diminuir o desconforto nesses 6 segundos. Experimentei. Quando funciona, leva no mínimo 5 minutos. Portanto, fake.
Sem considerar as propagandas que falam de rugas, cápsulas de café… Aliás, nisso sou invocado. Odeio essas cápsulas. Além de poluentes, não tem nada de café. E diz a propaganda de uma dessas marcas: o verdadeiro gosto do café. Ah, vai te afumentar. Ainda sobre café, há um selo que “garante a qualidade”. Que coisa mais fake. Nos hotéis costumo perguntar a marca do café que usam. O rapaz ou a moça perguntam por quê. Respondo: para nunca comprar. Os hotéis não se ajudam muito nesse ponto. Fazem tambores de café. Quando a malta começa a se servir, está com gosto de queimado. E eles usam um truque sujo: fazem bem forte. Só se salva se misturar leite, que sempre está bem do ladinho do tambor.
Outra coisa fake: as fotos de hotéis nos sites. Quanta vigarice. Cada trubufu de hotel é transformado em um Ritz…na fotografia. Como os sanduíches do McDonald. Quando vou a um desses lugares – e isso acontece quando em roda só tem coisa pior, tipo gente largando perdigotos em cima da comida – sempre chamo o gerente para mostrar a folha de alface que só atrapalha o lanche (molha o pão) e o queijo que não derreteu, pela pressa em servir. Mostro a foto do sanduíche e peço para o gerente comparar o que serviu com a foto fake.
Na área do direito tem muita coisa fake. Como por exemplo as notícias sobre prisão em segunda instância. Nunca esteve proibido prender depois da sentença de segundo grau. Não é disso que se trata. Mas jornalistas, jornaleiros, juízes e promotores espalham noticias fake, como “entre 194 países, só no Brasil que o réu pode recorrer em 4 instâncias…” (nem existem 4 instâncias, ô néscio). “Só no Brasil”, berrava o casal que apresenta um programa de rádio pela manhã em rádio potente do Estado. Pois é. Qual é a fonte? Onde está a pesquisa? E gosto das fontes utilizadas pela jornalista que lê tudo na internet e não dá a fonte. Esta semana deu uma noticia bombástica, citando a fonte. Só que a fonte era o site O Antagonista. Bem isenta essa fonte, não?
Talvez o pior fake seja o fake moralista, tipo “a impunidade só acaba se cada um fizer a sua parte; temos de voltar aos valores de…”. Quais valores? Outra coisa: Criticar o Supremo Tribunal virou a maior farra de juristas, jornalistas e jornaleiros. E radialistas. Tem uma moça em um programa da tarde, depois das 15 horas – que não é a mesma que faz programa de manhã, porque essa é de outra emissora – que a cada três frases, muitas com problemas de vernáculo, mete uma ou duas palavras-clichês… morais. O pior clichê é “só no Brasil”. Ou “normal essa coisa de corrupção”. Ou “Ninguém aguenta mais”. Quem não aguenta tudo isso sou eu.
Estava no aeroporto e uma senhora falava mal do Brasil. A outra senhora perguntou onde estava o marido dela. E ela respondeu: ele está lá atrás da fila. É que compramos tantas coisas em Miami que, para não nos pegarem na alfandega, nos separamos na fila para a eventual inspeção. Pois é, madame. Só no Brasil.
Em um programa de TV desta semana, uma advogada dizia que largou a profissão para se tornar acompanhante de luxo. Queixou-se do Brasil, é claro. Disse que faturava muito bem. Além disso, era um dinheiro limpo, sem impostos. Fiquei pensando… Sim, só no Brasil. Ela fatura entre 15 e 20 mil por mês e não paga impostos. E se orgulha disso. E fala mal do Brasil. De todo modo, fiquei matutando: de fato, como ela daria nota fiscal? Fulana de Tal, acompanhante e empoderada (ela falou também do empoderamento da mulher), firma o seguinte recibo: cinco beijos, uma coçada nas costas… bem, o resto é óbvio. A receita federal poderia ver isso. Talvez ela faça delação premiada…Está na moda.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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