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Hackers roubaram dados de funcionários dos Estados Unidos com acesso à informação secreta

Finanças de servidores e contatos da CIA podem ter sido vistos. (Foto: Kacper Pempel/Reuters)

Os hackers que roubaram dados de milhões de funcionários norte-americanos há alguns dias também conseguiram informações sobre o pessoal habilitado para acessar dados sensíveis – ou secretos –, informou na sexta-feira o jornal The Washington Post. Eles conseguiram invadir o banco de informações que contém memorandos de pedidos de habilitação de empregados, ou de pessoal terceirizado, durante décadas, de acordo com a publicação. “É uma potencial catástrofe em termos de contraespionagem”, disse ao jornal Joel Brenner, ex-funcionário de alto escalão da contraespionagem norte-americana.

O OPM (Escritório de Administração de Pessoal, em tradução livre), que gerencia a base de dados, confirmou o roubo de informação, mas evitou atribuí-lo a hackers chineses. “Há um alto grau de probabilidade” de que tenham roubado informações de segurança sobre funcionários federais “atuais, antigos ou potenciais” e de outros assalariados que devem ter essas habilitações para poder trabalhar com os serviços federais, declarou o porta-voz do órgão, Samuel Schumach. O OPM “continua trabalhando” com o organismo federal de segurança cibernética, US-Cert, e com o FBI (polícia federal norte-americana) para “determinar o tipo de dado que pode ter sido afetado e os indivíduos afetados”, completou.

As informações pessoais contidas nas habilitações podem servir para chantagear pessoas envolvidas “e transformá-las em alvos mais fáceis de recrutar para os serviços de espionagem de um país estrangeiro”. Foi o que declarou o ex-responsável de contraespionagem citado pelo Washington Post.

As autoridades dos EUA ainda não sabem o que os hackers querem fazer com as informações que roubaram. Por isso, os investigadores, agora, precisam ficar de olho nas contas bancárias e na possibilidade de fraude usando o nome deles. O governo está oferecendo a todos esses funcionários uma espécie de seguro para tentar, de alguma forma, protegê-los. A Casa Branca informou que o governo terá um sistema de computadores mais moderno a partir do ano que vem.

Conteúdo

Esse banco de dados contém detalhes da vida privada, finanças pessoais e sobre a família, vizinhos e contato com estrangeiros de cada funcionário. Também podem estar comprometidas informações sobre o pessoal da CIA (Agência de Inteligência Central norte-americana).

Segundo ataque

Informações sigilosas da Defesa e da inteligência dos EUA também foram acessadas por hackers ligados à China, segundo a agência de notícias AP (Associated Press), no segundo vazamento de dados sensíveis do governo norte-americano revelado neste mês. Eles tiveram acesso a formulários do OPM, preenchidos por quem se inscreveu para vagas de segurança nacional, conforme funcionários do governo ouvidos pela AP.

O documento inclui informações de candidatos sobre existência de doenças mentais, uso de drogas e álcool, antigas ocorrências policiais ou declaração de falência. O formulário também contém uma lista de contatos dos funcionários e de familiares – o que pode expor, por exemplo, parentes de agentes de inteligência no exterior.

Funcionários do governo norte-americano disseram que o ataque teve origem na China e que há suspeita de espionagem pelo governo chinês. “Isso revela aos chineses as identidades de quase todo mundo que recebeu uma autorização de segurança [para acessar dados confidenciais do governo]”, disse Brenner à AP. Até outubro de 2014, mais de 2,9 milhões de pessoas tiveram seus dados recolhidos e armazenados para obter a autorização de segurança, de acordo com a agência de notícias. “Isso [o ataque] torna muito difícil para qualquer uma dessas pessoas atuar como agente de inteligência. (…) É uma mina de ouro. Ajuda na aproximação e no recrutamento de espiões”, acrescentou Brenner.

Os funcionários que tiveram seus dados acessados não foram oficialmente informados pelo Escritório de Recursos Humanos, mas a notícia já circulava na tarde de sexta-feira pelo Pentágono e pela sede da CIA.

China

A China negou participação no ataque cibernético às informações do governo norte-americano. Um porta-voz do Ministério do Exterior chinês disse que é “irresponsável” acusar o país antes de terminar a investigação.

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