Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de outubro de 2018
Na esteira do movimento #MeToo, a HBO, conhecida por incluir cenas fortes de sexo em suas produções, decidiu inovar. Segundo a revista “Rolling Stone”, as filmagens da nova temporada da série “The Deuce”, que conta a história da legalização e ascensão da indústria pornográfica americana nos anos 1970, tiveram uma presença inédita no set: Alicia Rodis, uma “coordenadora de intimidade”, responsável por dar apoio ao elenco. Ainda de acordo com a publicação, a HBO afirmou que a partir de agora todas as suas produções que tiverem cenas de sexo vão incluir um profissional do tipo.
Primeira profissional a ocupar a vaga no canal, Rodis é uma espécie de mediadora entre o elenco e a equipe. Ela garante que os atores estejam em posição confortável para filmar cenas de cunho íntimo, revisando os roteiros e tratando com diretores e produtores sobre linguagem e medidas necessárias para criar um ambiente confortável. Se uma cena de sexo é inserida de última hora, ela costuma ser a primeira a falar com os atores sobre até onde eles aceitam ir.
“Eu mesma não entendia o quanto isso havia sido ignorado e por quanto tempo. Existe uma dinâmica de poder tão grande nos sets de filmagem, tanta pressão, e a sensação de que o ator só engole tudo e faz”, diz ela à publicação.
Mudanças no ambiente de trabalho
De acordo com a revista, a contratação de uma “coordenadora de intimidade” se deu após Emily Meade, que interpreta uma atriz pornô, pedir ao alto escalão da HBO a presença de um profissional durante as gravações para ajudá-la com as cenas de sexo. Segundo ela, Rodis torna o trabalho menos desconfortável.
“Não é que as coisas que ela faz são muito radicais. É só o fato de ter alguém além de você para pensar sobre certas coisas. Não deveria ser um conceito radical dar a alguém algo para cobrir suas partes íntimas. Mas ter alguém que faça isso, o gesto que isso representa, ajuda”, pondera Meade.
Rodis, ex-atriz e dublê, passou por um treinamento antes de ocupar a vaga. Ela buscou ajuda de psicólogos, advogados da indústria do entretenimento, assistentes sociais, entre outros, para ser capaz de identificar as falhas durante as cenas de sexo e proteger os envolvidos. Para a revista, ela afirmou existir uma cultura que precisa ser mudada.
“Estou aqui para dar voz aos atores, principalmente atores que sentem não ter uma. Também estou aqui pelos produtores, para garantir que eles saibam estar fazendo seu melhor para tornar as filmagens seguras”, conta. “Aqui estamos nós, um ano após o #MeToo, e ( o juiz ) Brett Kavanaugh é escolhido para a Suprema Corte. Donald Trump é nosso presidente. Me diz se não precisamos disso, se não temos uma cultura que precisa ser mudada”.