A vitória da seleção brasileira em sua estreia na Copa do Mundo do Catar teve o brilho de seu camisa 9: Richarlison, autor dos dois gols da vitória por 2 a 0 em cima da Sérvia. O desempenho logo rendeu repercussão suficiente para eleger o craque como um xodó da torcida. No entanto, o protagonismo também o acompanhou fora das quatro linhas, com posicionamentos desde a vacinação contra a covid ao pagamento de procedimento cirúrgico de uma conterrânea que não tinha condições de arcar com os custos.
Natural de Nova Venécia, no Espírito Santo, cidade que preparou até festa para acompanhar a estreia do atacante na Copa do Mundo, Richarlison se compadeceu de Schayra Coelho Santana, que criara uma “vaquinha” para a realização de uma cirurgia mamária em janeiro de 2021. O camisa 9 da seleção foi responsável por doar boa parte dos R$ 2 mil necessários para o procedimento.
E durante a pandemia da covid, enquanto ainda era o camisa 7 do Everton, se engajou pela vacinação da população. Embaixador da Universidade de São Paulo (USP) na luta contra a covid, fez publicações conscientizando a população.
“O coronavírus é um inimigo invisível e perigoso, mas ele tem nos revelado os verdadeiros craques. Eles não calçam chuteira e meião, mas vestem a camisa do nosso time: são médicos, cientistas e pesquisadores que arriscam a vida todos os dias para o nosso bem estar e também para que possamos buscar a cura para a doença”, disse em vídeo publicado em abril de 2020, período em que o lockdown era adotado e que a vacinação ainda não era realidade.
Richarlison leiloou até um par de chuteiras para ajudar instituições engajadas em minimizar os impactos da pandemia do Brasil: “Estou em casa, mas não de mãos atadas”, disse na legenda da publicação, que convocava os amigos Vini Jr., Gabriel Jesus e Lucas Paquetá para “fazerem da paixão nacional uma grande ferramenta de transformação social”.
Além de publicações para que as pessoas ficassem em casa ao longo do período de maior isolamento por conta da pandemia, também fez publicações pedindo para que as pessoas não deixassem de se vacinar.
Questão ambiental
Até a questão ambiental entrou em pauta. O “pombo” — apelido do camisa 9 do Tottenham — demonstrou preocupação com as onças, capivaras e araras durante as queimadas no Pantanal: “A terra é a nossa maior riqueza”, dizia ele em publicação. A reação dos torcedores foi bem receptiva. “Obrigado por tomar conta do Brasil”, dizia um deles.
Autor de um dos gols da vitória do Brasil sobre o Uruguai por 2 a 0 pelas Eliminatórias da Copa, em novembro de 2020, saiu de campo chamando a atenção para o apagão no Amapá, estado do Norte do país passou mais de 20 dias sem luz.
“Eu queria dedicar esse gol para todas as pessoas do Amapá, que estão sofrendo muito durante esses dias e eu, como cidadão brasileiro, peço que as autoridades se pronunciem, tomem uma decisão logo, porque povo de lá está sofrendo e eles poderiam dar uma atenção a mais”, disse em entrevista após jogo.
Contra o racismo
Já com as centenas de mortos após as chuvas em Petrópolis, na Região Serrana do Rio em fevereiro deste ano, Richarlison usou suas redes sociais para compartilhar uma campanha de ajuda aos desabrigados. “Deus abençoe todas as pessoas afetadas pela tragédia que aconteceu em Petrópolis nessa terça-feira”, dizia ele em post em que pedia doações:
Durante o movimento “Black Lives Matter”, publicou em seu Instagram uma foto dividida com os rostos de George Floyd — morto após policial se ajoelhar sobre seu pescoço por 9 minutos nos EUA — e o de João Pedro Mattos Pinto, menino de 14 anos atingido por tiro de fuzil dentro de casa durante operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.