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Colunistas Hipercapitalismo em choque!

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. (Foto: Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Desde o seu surgimento, o capitalismo sempre teve a sua sobrevivência estreitamente ligada à circulação do dinheiro e do consumo de bens e serviços. Com o tempo, a aceleração do processo produtivo e do comércio redundou no chamado hipercapitalismo, uma exacerbação do capitalismo, cujos pilares se encontram, hoje, em xeque pela eclosão da Covid-19.

Não é de agora que as crises tiram o sono de governos, investidores e trabalhadores em geral. Por motivos diferentes, todos esses atores se encontram amarrados ao destino do capitalismo que tem, num frágil equilíbrio no sistema de preços, seu maior e permanente desafio. Como nunca houve uma diminuição tão drástica na circulação do dinheiro, é difícil estabelecer em quanto tempo e com qual montante de capital injetado, o sistema circulatório desse organismo voltará a funcionar a plenos pulmões.

Os mercados sempre sofreram com crises, quebras, pânicos e especulações. De tempos em tempos, parece que o próprio capitalismo, na constante busca pelo seu necessário equilíbrio, se alimenta de períodos turbulentos para trazer o curso da economia ao seu leito normal, corrigindo, muitas vezes de modo dramático, eventuais distorções gestadas no ciclo anterior. Nesse sentido, alertas sobre uma possível crise estrutural na economia não faltam. Entre esses avisos, muitos analistas vêm sinalizando para uma nova “exuberância irracional” na liquidez do atual sistema financeiro global. Caso confirmada, essa situação se somaria ao monumental desafio que representará uma nova concertação mundial para socorrer países cujas insolvências ameaçam a higidez de todo o sistema.

Diferentemente de épocas passadas, na qual grandes catástrofes afetaram a economia mundial, a pandemia da Covid-19 possui uma natureza bastante singular. Guerras ou fenômenos naturais costumam destruir a infraestrutura e afetar a capacidade produtiva e de conhecimento dos países atingidos. A presente pandemia, muito embora seu trágico saldo em perdas de vidas, mantém intacto todo o sistema, seja ele de conhecimento, como centros de pesquisa e universidades, além da infraestrutura existente. Essa situação tem levado a projeções de retomada da economia bastante otimistas, já para o final de 2021.

Outro aspecto importante é que nenhuma superação de crise no passado contou com o atual aparato tecnológico, o que poderá acelerar o processo de recuperação. Nunca também, o mundo dispôs de um sistema bancário tão avançado, capilarizado e sólido, tampouco uma integração global nas comunicações que permitem conexões instantâneas para soluções estratégicas de controle e combate a crises sanitárias ou novas arquiteturas que deverão ser criadas para o controle e salvamento das finanças internacionais. Tudo isso, a despeito do gigantesco impacto da Covid-19 na economia, serve como um lenitivo contra previsões mais apocalípticas.

Desse confronto entre previsões pessimistas e otimistas sobre o futuro, ainda permeado por sombras, ameaças e dúvidas, deve emergir um capitalismo renovado, talvez muito diferente do modelo atual. Nesse novo panorama econômico que se descortina, governos e sociedade terão que exercitar, como em tempo algum, maior cooperação, sentido de colaboração e solidariedade. A Covid-19 forçou um consenso global na área médica, restando em aberto, agora, a mesma capacidade de coordenação para a superação da crise econômica que assoma no horizonte, desafio esse que o capitalismo não terá como fugir sem que, como fez até hoje, encontre em sua própria estrutura, novos elementos para sua reinvenção.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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