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Por Redação O Sul | 10 de maio de 2023
Falar ao celular por pelo menos 30 minutos por semana está associado a um aumento de 12% no risco de hipertensão. A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista científica European Heart Journal—Digital Health. Ainda são necessárias mais pesquisas para confirmar os resultados, mas os pesquisadores recomendam reduzir o tempo das ligações.
“Nossas descobertas sugerem que falar ao celular pode não afetar o risco de desenvolver pressão alta, desde que o tempo de ligação semanal seja mantido abaixo de meia hora. Mais pesquisas são necessárias para replicar os resultados, mas até então parece prudente reduzir ao mínimo as chamadas de telefone celular para preservar a saúde do coração”, disse o autor do estudo, Xianhui Qin, professor da Southern Medical University, na China, em comunicado.
A principal hipótese para explicar a associação é a emissão de baixos níveis de radiofrequência pelos celulares. Esse tipo de exposição tem sido associada ao aumento da pressão arterial. Entretanto, diversos estudos anteriores que analisaram a associação chegaram a resultados inconsistentes. De acordo com os pesquisadores do novo estudo, isso provavelmente aconteceu porque esses trabalhos incluíam ligações, mensagens de texto, jogos e assim por diante.
O novo estudo focou apenas na associação entre ligações de celular e a hipertensão. Os pesquisadores analisaram dados do UK Biobank, totalizando 212.046 adultos com idades entre 37 e 73 anos e sem hipertensão no início do estudo.
Informações sobre o uso de telefone celular para fazer e receber ligações foram coletadas por meio de um questionário autorreferido no início do estudo, incluindo anos de uso, horas por semana e uso de viva-voz/dispositivo viva-voz. Os participantes que usaram um telefone celular pelo menos uma vez por semana para fazer ou receber chamadas foram definidos como usuários de telefone celular.
Os resultados mostraram que durante 12 anos de acompanhamento, 7% dos participantes desenvolveram hipertensão. A equipe descobriu que apenas usar o celular para fazer ligações já aumentava o risco de pressão alta em 7%.
Quanto mais, pior
Mas quanto mais tempo em ligações no celular por semana, maior o risco. Os resultados foram semelhantes para mulheres e homens. Por exemplo, falar ao celular por pelo menos meia hora por semana correspondeu a uma probabilidade 12% maior de hipertensão quando comparado a pessoas que usavam o equipamento eletrônico por menos tempo.
Falar ao celular de 30 a 59 minutos por semana foi associado a um aumento de 8% no risco de hipertensão. De 1 a 3 horas, o aumento foi de 13%; de 4 a 6 horas aumentou o risco em 16% e mais de seis horas semanais de ligação foram associadas a um aumento de 25% no risco de hipertensão arterial, em comparação com os participantes que gastaram menos de 5 minutos por semana fazendo ou recebendo chamadas de celular.
Por outro lado, o número de anos que os participantes usaram um telefone celular, ou se eles usaram um dispositivo viva-voz, não pareceu fazer diferença no nível de risco.
“É o número de minutos que as pessoas gastam conversando em um celular que importa para a saúde do coração, com mais minutos significando maior risco”, disse Qin.
Os pesquisadores também examinaram a relação entre o tempo de uso (menos de 30 minutos versus 30 minutos ou mais) e hipertensão de início recente, de acordo com o risco genético para a condição. A análise mostrou que a probabilidade de desenvolver pressão alta era maior naqueles com alto risco genético que passavam pelo menos 30 minutos por semana falando ao celular, com um aumento de 33% no risco, em comparação com aqueles com baixo risco genético que gastavam menos de 30 minutos por semana ao telefone.
Hipertensão
A pressão alta ou hipertensão é um dos problemas cardiovasculares mais comuns atualmente. A condição acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9).
A pressão alta pode danificar as artérias, tornando-as menos elásticas, o que diminui o fluxo de sangue e oxigênio e pode levar a um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral (AVC). Essa doença é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores de risco para seu desenvolvimento, que incluem: