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HIV: 1 milhão de brasileiros vive com o vírus; novas infecções cresceram 198% nos últimos 10 anos

Cenário no Brasil acompanha um ritmo crescente de novas infecções registradas a cada ano durante a última década. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O Brasil ultrapassou a marca de um milhão de pessoas vivendo com o HIV, informou o Ministério da Saúde. No mundo, o programa para aids das Nações Unidas (Unaids) estima um total de 38,4 milhões de indivíduos infectados pelo vírus.

O cenário no Brasil, porém, acompanha um ritmo crescente de novas infecções registradas a cada ano durante a última década. De acordo com a edição mais recente do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids, entre 2011 e 2021 o número de diagnósticos saltou 198%, passando de 13,7 mil para 40,9 mil. Já em 2022, até junho, foram 16,7 mil registros.

Por outro lado, graças à terapia antirretroviral (TARV), os casos da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) caíram 18,5% no mesmo período, passando de 43,2 mil novas notificações, em 2011, para 35,2 mil, em 2021. Isso acontece porque os medicamentos atuais conseguem controlar a infecção do HIV, impedindo a evolução para a sua forma grave, que é a aids.

Por isso, nem todos que vivem com o HIV têm aids. Além disso, com o alcance do tratamento, que está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e é realizado hoje geralmente com apenas um ou dois comprimidos ao dia, os óbitos associados à síndrome a cada ano também passaram por uma queda na última década, de 12,1 mil para 11,2 – diminuição de 7,5%.

Alerta entre os jovens

Embora, no geral, os casos de aids estejam em queda, o crescimento de novas infecções e a falta de adesão ao tratamento acende um alerta principalmente entre os mais jovens. O boletim do Ministério da Saúde destaca que, no período dos últimos 10 anos, o único grupo que viveu um aumento nas notificações da síndrome foram os homens de 14 a 29 anos.

Enquanto a tendência nacional foi de uma queda de 18,5% nos registros, o número de novos casos de aids aumentou 20% no grupo, passando de 6,6 mil, em 2011, para 7,9 mil, em 2021. Entre as meninas da faixa etária houve queda, porém em patamar elevado que chama a atenção.

O documento destaca que, no total do período, “52.513 jovens com HIV, de 15 a 24 anos, de ambos os sexos, evoluíram para aids, mostrando a importância do desenvolvimento da doença nessa faixa etária e a necessidade de envidar esforços para a vinculação nos serviços e adesão à terapia antirretroviral (TARV)”.

Impacto desproporcional

Além disso, o boletim mostra que nos anos mais recentes a doença voltou a impactar de forma desproporcional os homens em relação às mulheres. No período de 2002 a 2009, por exemplo, eram em média 15 casos no sexo masculino a cada 10 no feminino. Porém, a partir de 2010, a diferença começou a aumentar, chegando a 25 casos em homens para cada 10 em mulheres em 2021.

Há também uma desigualdade racial quando analisadas as mortes que tiveram a aids como causa básica. Enquanto os registros caíram 20,8% entre a população branca, eles cresceram 10,3% entre a população negra – composta por pretos e pardos.

Em 2011, pessoas brancas representavam 44,4% das mortes, taxa que passou para 37,9% em 2021. Já a população negra, que antes era responsável por 49,6% das mortes, passou a contabilizar 59% do total.

Estratégias de prevenção

O cenário de aumento nas infecções reforça a importância de se aderir às estratégias de prevenção. Além da camisinha, método mais eficaz para reduzir o risco não apenas de infecção pelo HIV, mas também de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), desde 2017 existem a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) nos postos de saúde do Brasil.

A PrEP consiste em comprimidos diários que combinam dois antirretrovirais que bloqueiam os caminhos que o HIV utiliza para infectar o indivíduo. Com isso, o risco de contaminação é reduzido em caso de eventual exposição. O esquema é indicado a homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, trabalhadores do sexo e outras pessoas consideradas de maior risco, a partir de 15 anos de idade.

Já a PEP é para ser utilizada após eventual exposição por aqueles que não fazem uso da PrEP. Ela deve ser iniciada em até 72 horas, porém de preferência nas primeiras duas horas, após a relação sexual. São também comprimidos diários que precisam ser tomados por 28 dias após ao sexo, e permitidos apenas a partir de 15 anos.

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