Segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de março de 2021
Conceito de "trabalhe de qualquer lugar" consolidou-se ao longo de 2020.
Foto: ReproduçãoO modelo híbrido de trabalho, que mescla o home office com atividades presenciais, é considerado ideal por empresas e profissionais no pós-pandemia. Esse jeito de funcionar já foi apontado como uma tendência para o futuro e isso fez com que 39% dos colaboradores planejassem se mudar de cidade ou país devido à flexibilidade de atuar à distância. Outros dizem que já pensaram nessa possibilidade, mas ou são impedidos pela pandemia (18%) ou a empresa não aprova (13%). Os dados fazem parte do relatório demanda por talentos no cenário atual, divulgado recentemente pela Robert Half.
Das vagas trabalhadas pela consultoria de recrutamento entre abril e dezembro de 2020, 80% foram para vagas 75% ou 100% remotas. No ano anterior, apenas 5% tinham essa característica. Esse modelo traz desafios, como equilibrar vida pessoal e profissional – no caso do colaborador – e monitorar jornada de trabalho e descanso – no caso das companhias. Mas, atuando para ajustar esses pontos, os benefícios podem compensar: para a empresa, redução de custos com escritórios ou imóveis, agilidade e produtividade dos negócios; aos trabalhadores, mais flexibilidades e conforto para se candidatar a vagas fora de sua cidade ou país.
Luiza Mimura, de 30 anos, é especialista de produtos da Eppendorf e não pensou em se mudar, mas o cenário contribuiu para que ela seguisse morando em São Manuel, interior de São Paulo, e fosse contratada, em meio à pandemia, para atuar na filial da empresa na capital paulista. O trabalho dela exige visitas a clientes, por exemplo, e ela já tinha previsão de se instalar na metrópole, mas a crise sanitária propôs outro plano. Se tivesse de se deslocar diariamente, gastaria cerca de seis horas – ida e volta – para percorrer os cerca de 250 quilômetros que separam a casa dela do escritório, além de pagar pedágios.
Ela se candidatou para a vaga dentro do departamento de marketing antes da pandemia, mas todo o processo seletivo foi online, já com o isolamento social determinado. “Isso se desenvolveu naturalmente, a gente foi se adaptando. Não tenho perspectiva de mudar para São Paulo, como meu cargo exigiria, mas isso não me traz insegurança de forma alguma. No interior, tenho qualidade de vida diferente”, conta.
O teletrabalho era algo que nem passava pela cabeça de Luiza ao dar um passo na carreira, mas agora ela entende que esse requisito precisa ser levado em consideração. “Acho importante para a carreira buscar uma empresa que deixe aberto para o funcionário a possibilidade de fazer uma parte de teletrabalho e outra na empresa. Quero uma empresa aberta a discutir isso”, afirma. E para quem consegue fazer gerenciamento de tempo, ela avalia que o home office – de onde quer que ele seja feito – permite uma maior presença das pessoas com suas famílias, principalmente de mães com filhos.