Sábado, 26 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 17 de maio de 2016
Abdul Kader, de 53 anos, foi preso em 2009 acusado de queimar e matar sua esposa, Najiba, no salão de beleza que ela gerenciava na província ocidental de Herat, no Afeganistão. A polícia encontrou o corpo carbonizado e irreconhecível de uma mulher que a família da esposa enterrou como se fosse de Najiba, cujo pai denunciou que sua filha tinha sido assassinada pelo marido e o entregou à polícia.
“Quando vi o que tinha acontecido com minha mulher, sua família me atacou, me bateu e me entregou à polícia, não me deixaram dizer nem uma só palavra”, disse Kader, que saiu de prisão em abril. O vendedor ambulante passou por três instâncias judiciais antes de ser condenado a 16 anos de prisão. “Trataram-me como um animal nos tribunais, ninguém ouvia minhas palavras, repeti nos três tribunais: sou inocente, mas ninguém acreditou em mim e me mandaram para a prisão”, declarou.
Após sete anos preso, Kader foi libertado, retornou para sua casa com seus filhos, e há seis dias recebeu o telefonema de uma mulher não identificada pedindo que se encontrassem em um parque próximo. “Quando cheguei ao parque, vi que a mulher era minha esposa, Najiba. Desmaiei.”
Najiba contou que, no dia do crime, foi sequestrada por seu pai e irmãos e enviada ao Irã, onde passou os últimos sete anos ameaçada por sua família, que disseram que tinham matado uma mulher e que se ela retornasse eles seriam presos. Najiba retornou a Herat após saber que seu marido tinha sido libertado.
Kader e sua família denunciaram o caso à polícia e exigiram que o presidente afegão Ashraf Ghani faça justiça a ele e seus quatro filhos, três meninas e um menino, que passaram sete anos sem os pais.
O porta-voz da Polícia de Herat, Abdul Raouf Ahmadi, confirmou os detalhes do caso e disse que foi aberta uma investigação que levou à detenção de cinco pessoas, incluindo o pai e três irmãos de Najiba. “A investigação revelará se foi um complô, assim como a identidade da mulher morta”, disse, ao admitir que ele mesmo ficou comovido com o caso. Na sua opinião, tudo o que aconteceu, desde a condenação dos tribunais aos erros do departamento de investigação ao determinar a identidade da vítima, “é estranho”.
A opinião de Ahmadi é compartilhada por organizações de direitos humanos e inclusive legisladores afegãos, que consideram o caso uma “vergonha”. (AG)