Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de fevereiro de 2025
De acordo com o PNI (Programa Nacional de Imunização) apenas meninos e meninas de 9 a 14 anos são elegíveis para tomar uma dose da vacina contra o HPV gratuitamente. Mas não é só este público-alvo que pode se beneficiar da imunização.
Afinal, quem pode tomar a vacina? No SUS, apenas pessoas de 9 a 14 anos de idade podem se vacinar gratuitamente. Uma nota técnica do Ministério da Saúde recomenda que estados e municípios façam busca ativa para garantir que jovens de até 19 anos tenham acesso à vacina contra o HPV. Assim, todas as pessoas dentro dessa faixa etária que não receberam uma ou duas doses do imunizante no período recomendado poderão receber o esquema em dose única.
A limitação de idade é muitas vezes questionada: ora, se o vírus atinge toda a população, por que só crianças podem tomar a vacina? O infectologista Pedro Campana explica: “A vacinação em crianças parte do racional de vacinar indivíduos não expostos ao vírus ainda, ou seja, pessoas que não iniciaram a vida sexual. Há evidências que demonstram a eficácia da vacina em quem já teve exposição ao vírus, porém essa eficácia é menor. Assim, em termos de saúde pública, faz sentido priorizar crianças.”
Além das crianças, pessoas que vivem com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea, pacientes com câncer e pacientes imunossuprimidos também podem se vacinar no SUS, mas nesse caso com um esquema de três doses.
Entre a primeira e a segunda dose, o intervalo deve ser de dois meses e a terceira dose deve ser aplicada depois de seis meses.
Para vítimas de abuso sexual, de 9 a 14 anos a recomendação é de duas doses. De 15 a 45, a recomendação é de três doses, considerando o histórico vacinal contra o HPV.
Atualmente, há clínicas particulares que cobram de R$ 800 a R$ 900 por dose. Isso porque, desde março de 2023, foi aprovada a administração da vacina nonavalente de HPV. No SUS, ainda é aplicada a quadrivalente.
“É recomendada a revacinação de quem já tomou a quadrivalente porque, em relação ao câncer de colo de útero, você vai ampliar de 70% para 90% o grau de proteção e isso não é pouco”, explicou a médica Mônica Levi, presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).
“Só que a vacina quadrivalente que tem no setor público é excelente e pega 70% dos vírus que causam câncer no colo do útero, e um percentual variável em cânceres em outras localizações.”
Por que homens devem se vacinar? Em cada dez casos de câncer de colo de útero, sete são causados pelo HPV (papilomavírus humano). Essa ligação faz com que muitas pessoas ainda pensem que a vacinação contra o vírus deve ser feita apenas por mulheres ou que o homem só deve se vacinar para não transmiti-lo.
Fato é que a ciência hoje relaciona o HPV a uma série de doenças que também podem acometer pessoas com pênis como câncer de pênis, orofaringe e ânus e canal anal. A vacina não faz distinção de sexo, o vírus é transmitido com facilidade e atinge igualmente homens e mulheres. Há ocorrência do HPV fora da região genital, que pode ser transmitido pelo beijo e toque de áreas onde há lesões.
O câncer de orofaringe relacionado ao HPV, por exemplo, afeta 594,85% mais homens do que mulheres, de acordo com o relatório “O impacto do HPV em diferentes tipos de câncer no Brasil”, de 2023, da Fundação do Câncer.