Segunda-feira, 06 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de janeiro de 2025
A posse dos 55 vereadores eleitos de São Paulo registrou um tumulto após a vereadora Zoe Martinez (PL) fazer uma saudação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no momento da diplomação. Durante a sessão solene, que marca a posse da nova legislatura, os eleitos foram chamados nominalmente, em ordem alfabética, para emitirem um juramento. Após dizer, como praxe, “assim o prometo”, Zoe complementou: “Viva o Bolsonaro, viva São Paulo, viva a liberdade, viva o Brasil”.
A manifestação gerou reações mistas do público presente. Houve um coro de “sem anistia”, em alusão a um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados que pretende anistiar os detidos pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
O tumulto gerou intervenção da mesa diretora. Houve um bate-boca entre Zoe Martinez e a vereadora reeleita Luna Zarattini (PT).
O vereador Eliseu Gabriel (PSB), que presidia a sessão por ser o mais velho da Câmara, tentou acalmar os ânimos e, com um tom descontraído, brincou: “Começou cedo”. No entanto, o episódio evidenciou a polarização que deve marcar os trabalhos da nova legislatura.
Zoe Martínez, ex-comentarista política, foi eleita vereadora com mais de 60 mil votos, sendo uma das principais apostas do PL e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A vereadora, que já demonstrou apoio incondicional a Bolsonaro, se junta a outros parlamentares alinhados ao ex-presidente, como Lucas Pavanato e Sargento Nantes.
Movimentações estratégicas
Em outra frente, Lucas Pavanato (PL) começou seu mandato com movimentações estratégicas na Câmara Municipal de São Paulo. Na quarta-feira (1º), enquanto a solenidade de posse ainda acontecia, ele já estava coletando assinaturas para a instalação de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
Com foco em temas polêmicos, as propostas de comissões receberam rapidamente o número mínimo de 19 assinaturas exigidas pelo regulamento do Casa, muitas delas de parlamentares alinhados com partidos de direita e centro. A primeira CPI, chamada de “CPI das Invasões”, tem como objetivo investigar ocupações de terrenos na capital paulista, frequentemente ligadas a movimentos de esquerda como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Ainda que tenha conseguido apoio inicial, a instalação das CPIs depende de acordos políticos dentro da Câmara. A simples coleta de assinaturas não assegura o funcionamento das comissões.
A segunda proposta, intitulada “CPI das ONGs”, visa apurar o papel de organizações que atuam no atendimento de moradores de rua, especialmente no centro da capital. Pavanato afirmou, em uma publicação no X (antigo Twitter) que o trabalho dessas entidades será revisado, focando em possíveis irregularidades no uso de dinheiro público.
“Primeiro dia como vereador de São Paulo. Logo de cara, consegui as assinaturas necessárias para protocolar duas CPIs”, comemorou Pavanato na publicação. Ele destacou que a investigação buscará passar “esses movimentos a limpo”. (Estadão Conteúdo)