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Por Redação O Sul | 25 de março de 2024
O Rio Grande do Sul tem o menor percentual de eleitos com ajuda do capital político da família
Foto: Marcos Oliveira/Agência SenadoO Senado completou 200 anos nesta segunda-feira (25), com predominância de parlamentares homens e herdeiros políticos. Desde a redemocratização do País até a última eleição, cerca de dois em cada três senadores eleitos vieram de famílias políticas. Além disso, nove em cada dez eleitos são homens.
Dos 407 mandatos disputados nesse período, 274 – o equivalente a 67% dos cargos – foram ocupados por pessoas com vínculos familiares com políticos já eleitos. Com isso, os senadores acabam herdando o capital político da família e se elegem apoiados pelo sobrenome. Esse levantamento faz parte de uma pesquisa do cientista político Robson Carvalho, doutorando da UnB (Universidade de Brasília).
“O que a gente tem na prática é que, muitas vezes, a condução das instituições públicas é tratada como se fossem capitanias hereditárias, distribuídas e loteadas para quem apoia aqueles grupos político-familiares e também tratam os gabinetes como se fossem a cozinha de suas casas”, destacou o especialista.
Além disso, das 407 vagas disputadas até agora, 363 foram ocupadas por homens, o que representa 89% dos mandatos disputados nas urnas. Apenas 44 vagas foram ocupadas por mulheres. Já as mulheres negras no Senado foram apenas quatro: Marina Silva, eleita duas vezes pelo PT do Acre, Benedita da Silva (PT-RJ), Eliziane Gama (PSD-MA) e Fátima Cleide (PT-RO).
Entre os políticos que estiveram no Senado entre 1986 e 2022 com ajuda da herança política, estão Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro; Lobão Filho (MDB-MA), filho do ex-senador Edison Lobão; Renan Filho (MDB-AL), filho do atual senador Renan Calheiros; Ronaldo Caiado (União-GO), neto de Antônio Totó Ramos Caiado, ex-senador por Goiás na década de 1920; e Rogério Marinho (PL-RN), neto do ex-deputado federal Djalma Marinho.
Outros parlamentares que entraram no Senado no período e pertencem a famílias de políticos: Flávio Dino (PSB-MA), Roberto Requião (MDB-PR), Flávio Arns (PSB-PR), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Romeu Tuma (PL-SP), Espiridião Amim (PP-SC), Jorginho Mello (PL-SC), Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), Otto Alencar (PSD-BA) e Davi Alcolumbre (União-AP).
Todas as regiões
A pesquisa destaca que a herança política é uma realidade de todas as regiões do País. No Estado de São Paulo, por exemplo, dos 15 mandatos disputados para o Senado entre 1986 até 2022, nove foram de pessoas identificadas como de famílias políticas. Mesmo número do Rio de Janeiro, o que representa 60% do total de mandatos disputados nas urnas.
No Paraná, 13 dos 15 senadores eleitos no período são de famílias políticas. O Rio Grande do Sul tem o menor percentual de eleitos com ajuda do capital político da família. Apenas quatro dos 15 mandatos foram ocupados com a ajuda da herança política das famílias no Estado, o que representa 26% do total. Dois Estados aparecem com 100% de eleitos com vínculos político-familiares: Paraíba e Piauí.
Mulheres
Outro recorte da pesquisa é o de gênero, que mostra que o Senado é dominado por homens, que ocuparam 89% dos cargos disputados entre 1986 e 2022. Os Estados do Amapá e Piauí, por exemplo, nunca elegeram uma senadora. Quem mais elegeu mulheres foi Mato Grosso do Sul, com quatro mandatos: Marisa Serrano (PSDB), Simone Tebet (MDB), Tereza Cristina (PP) e Soraya Thronicke (Podemos), sendo que apenas a última não possui vínculos político-familiares.
Sergipe e Rio Grande do Norte elegeram mulheres três vezes. No caso de Sergipe, foram três vezes a mesma mulher: Maria do Carmo Alves (DEM), marcada pela presença de capital político-familiar.
O Rio Grande do Norte elegeu três mulheres, duas com capital político-familiar, Rosalba Ciarlini (DEM) e Zenaide Maia (PROS).