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“Hora de proteger minha família”, disse o coronel Mauro Cid após decidir que confessaria venda de joias a mando de Bolsonaro

Depoimento de Cid estava marcado para esta terça (4). (Foto: Reprodução)

Ex-ajudante de ordens decidiu fazer confissão após ver família envolvida nas investigações. Pai de Cid foi alvo de mandado de busca e apreensão em 11 de agosto. Após decidir que vai admitir a venda de joias a mando do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou a interlocutores que “agora, é a hora de proteger a minha família”.

Ver a família sendo alvo de investigações da Polícia Federal (PF) foi determinante para que Cid tomasse a decisão de confessar que vendeu as joias recebidas como presentes ao governo brasileiro e admitir que entregou o dinheiro a Bolsonaro.

O pai de Cid, Mauro Cesar Lorena Cid, foi alvo de um mandado de busca e apreensão no dia 11 de agosto, durante uma operação da Polícia Federal. Lorena Cid é general do Exército e foi colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), nos anos 1970. Segundo as investigações, ele é suspeito de negociar as joias e outros bens nos Estados Unidos.

Ainda de acordo com a PF, o militar recebeu o dinheiro da venda das joias e relógios em uma conta que tinha nos Estados Unidos.

Nova versão

O advogado Cezar Bitencourt, que atua na defesa de Mauro Cid, mudou de versão sobre os fatos envolvendo a venda de joias recebidas pelo ex-presidente durante o mandato.

Em entrevista à “Revista Veja”, publicada nessa quinta-feira (17), o advogado disse que o cliente iria assumir que vendeu, nos Estados Unidos, joias recebidas pelo ex-presidente. E que fez isso a mando de Bolsonaro.

Nessa sexta-feira (18), em entrevista à GloboNews, a versão dada foi diferente e buscou atenuar o episódio da venda dos presentes presidenciais.

Mauro Cid está preso desde 3 de maio, quando foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid, no sistema do Ministério da Saúde, de integrantes da família do ex-auxiliar e do ex-presidente Jair Bolsonaro.

À “Veja”, o advogado disse que Cid “assume que foi pegar as joias”. Bitencourt se referia aos presentes que Bolsonaro recebeu durante o mandato e que entraram na mira de uma investigação da Polícia Federal (PF) depois que assessores do ex-presidente tentaram vender os artigos nos EUA.

Entre os presentes, estão um kit da grife de luxo Chopard, dois relógios (um Rolex e um Patek Philippe) e duas esculturas folheadas a ouro.

Nessa sexta, à GloboNews, o advogado afirmou que se referia apenas ao relógio Rolex, e não às demais joias pertencentes à União que, segundo a PF, também foram vendidas no exterior.

“Não tem nada a ver com joias. Mauro não trabalhou com essa hipótese, não foi isso que se comentou. Eu tenho apenas o relógio. É essa a situação”, afirmou.

“Estamos trabalhando com a hipótese de uma joia. Eu também considero que o Rolex de ouro é uma joia”, acrescentou o advogado.

À “Revista Veja”, Bitencourt afirmou que a ordem para vender as joias havia sido dada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e que Mauro Cid iria confessar isso.

Já, à GloboNews, o advogado mudou a versão e negou que Cid iria “dedurar” Bolsonaro, ou que fosse fazer uma confissão. Agora, Bittencourt diz que o ex-ajudante de ordens apenas vai dar “esclarecimentos” sobre o caso.

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