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Horas antes da abertura dos Jogos Olímpicos em Paris, trens são sabotados, aeroporto fecha e terroristas são presos

Incêndios e outros atos de vandalismo paralisaram a operação dos trens. (Foto: Divulgação)

Poucas horas antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, uma ação coordenada de vandalismo foi realizada contra o sistema francês de Trens de Alta Velocidade, conhecido como TGV, nessa sexta-feira (26). As operações tiveram de ser suspensas após os ataques.

O ataque aconteceu durante a madrugada. Houve roubo e incêndio de cabos de fibra óptica, que enviam informações sobre os trajetos dos trens para a segurança dos motoristas, de acordo com veículos internacionais. A estimativa é a de que mais de 800 mil pessoas tenham sido afetadas pelos ataques. Quem tentava chegar à Paris enfrentou atrasos e cancelamentos. As estações amanheceram com filas.

A operadora ferroviária estatal informou que “ataques incendiários” tiveram como alvo instalações das linhas que ligam Paris a várias cidades da França e que o tráfego permaneceria interrompido durante o fim de semana. Os principais alvos foram as estações das linhas que ligam a capital francesa a localidades como Lille, Bordeaux e Estrasburgo.

Já a Eurostar informou que o serviço ferroviário através do Canal da Mancha, entre Londres e Paris, havia sido interrompido, assim como o transporte para a Bélgica.

Após o ataque coordenado, a movimentação nas estações de Paris foi sendo normalizada a poucas horas da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.

Mas, apesar da preocupação com a segurança devido aos roubos e incêndios dos cabos de fibra ótica nos municípios de Arras, Courtalain e Pagny-sur-Moselle, nenhum grande incidente, exceto atrasos em viagens, foi registrado nas principais estações de trens de Paris na tarde dessa sexta-feira.

Na estação Gare du Nord, uma das mais movimentadas da cidade, os atrasos em partidas e chegadas estavam na casa de duas horas, sobretudo nos seguintes destinos: Lille, Amsterdã e Bruxelas.

Já na Gare de l’Est e na Gare de Lyon, não foram registrados atrasos.

A empresa ferroviária francesa SNCF anunciou nessa sexta-feira que sofreu um “ataque massivo” para “paralisar” sua rede de alta velocidade.

A SNCF “foi vítima esta noite de vários atos mal-intencionados e simultâneos que afetaram as linhas de alta velocidade do Atlântico, Norte e Leste”, afirmou o grupo em comunicado, no qual especificou que “incêndios criminosos foram provocados para danificar instalações”. Por isso, a circulação dos trens de alta velocidade (TGV, na sigla em francês) nestes três eixos foi “muito alterada”.

As autoridades francesas abriram uma investigação por “associação criminosa” e “deterioração de bens”. Em comunicado enviado à imprensa, o Ministério Público de Paris anunciou que se encarregaria, sob a Jurisdição Nacional de Luta contra o Crime Organizado, de “todos os danos deliberados causados ​​nas instalações da SNCF durante a noite de 25 para 26 de julho”.

Uma fonte próxima à AFP disse que se trata de uma “sabotagem” coordenada, uma série de atos cometidos de forma “sistemática”.

“Estamos desviando alguns trens para a linha clássica, mas teremos que cancelar um bom número” deles, disse a SNCF. A linha de alta velocidade do sudeste não foi afetada.

Após o problema com os trens, Gérald Darmanin, ministro do Interior, afirmou que a ação não teve consequências diretas na realização dos Jogos Olímpicos. Horas antes da cerimônia de abertura da Olimpíada.

Segundo Darmanin disse na BFM-TV, os atletas não foram afetados e, em casos de trens ainda sem funcionar, foram encontrados “meios alternativos” de deslocamento. Já o presidente do Comitê Olímpico e Esportivo Nacional Francês, David Lappartient, disse não ter conhecimento de quaisquer repercussões da sabotagem sobre os atletas, conforme noticiado pelo Le Monde.

A ministra dos Esportes, Amélie Oudéa-Casteram, condenou o ataque ao sistema ferroviário e afirmou que trabalhava para garantir o transporte de delegações de atletas para os locais de competição. Em declarações à televisão BFM, ela disse que “jogar contra os Jogos é jogar contra a França”.

O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, classificou o vandalismo como “atos de sabotagem” realizados de maneira “preparada e coordenada”. Enquanto o ministro dos Transportes, Patrice Vergriete, afirmou que “condena veementemente esses atos criminosos” e que trabalha para restaurar o tráfego. A polícia está investigando o caso.

Ataque terrorista

Já a polícia da Bélgica anunciou na quinta-feira (25) a prisão de sete suspeitos de planejar um ataque terrorista. A acusação da promotoria belga não deixa claro onde seriam os ataques do grupo e nem se há uma relação com os ataques às linhas de trens na França. Nessa sexta, autoridades belgas disseram que os suspeitos continuam sob custódia.

Aeroporto

Em outra frente, o aeroporto franco-suíço de Basileia-Mulhouse interrompeu brevemente seu tráfego na manhã dessa sexta-feira após ser evacuado devido a um alerta de bomba, informaram as autoridades locais.

“O aeroporto está novamente aberto e as operações aéreas estão sendo retomadas progressivamente”, indicou o site do aeródromo, localizado na França perto da fronteira suíça.

Pouco antes, as autoridades locais haviam especificado que a evacuação das instalações se devia a um alerta de bomba. “Foi ativado o procedimento habitual”, que inclui o envio de especialistas em desativação de explosivos, disse à AFP a prefeitura do Alto Reno, onde está situado o aeroporto. As informações são do jornal O Globo.

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