Quarta-feira, 08 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de agosto de 2024
A litotripsia intravascular consiste na introdução de um balão que emite ondas de choque ultrassônicas
Foto: DivulgaçãoUma cirurgia vascular na artéria carótida, nunca antes realizada no Brasil, foi feita no HCPA (Hospital de Clínicas de Porto Alegre) no dia 8 deste mês. Segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (28) pela instituição de saúde, o objetivo do procedimento é atuar em placas de gordura e cálcio capazes de provocar um AVC (acidente vascular cerebral).
A litotripsia intravascular consiste na introdução de um balão que emite ondas de choque ultrassônicas. As ondas quebram as placas calcificadas existentes no interior das artérias, evitando que elas se fechem. A técnica costuma ser utilizada no sistema circulatório do coração e, eventualmente, nas pernas para o tratamento das obstruções arteriais nesses locais.
Dessa vez, um cateter de apenas 2 milímetros foi introduzido na virilha e levado até o pescoço. “É um procedimento mais efetivo para placas complexas e de difícil tratamento e que pode reduzir a chance de um AVC”, afirmou o médico do Serviço de Cirurgia Vascular Periférica do HCPA Alexandre Araujo Pereira. Segundo ele, a litotripsia intravascular na carótida já é usada na Europa e nos Estados Unidos. Depois do uso do balão, foi colocado um stent (pequeno dispositivo em formato tubular) para prevenir novos entupimentos das artérias.
A paciente, de 75 anos, já teve um AVC anteriormente. Ela recebeu apenas anestesia local e ficou acordada durante todo o procedimento. “Outra vantagem é que o pós-cirúrgico é mais rápido. Em 24 horas já foi possível dar alta para a paciente”, afirmou Pereira.
O chefe do Serviço de Cirurgia Vascular Periférica do HCPA, professor Marco Aurélio Grudtner, explica que a litotripsia ainda é um procedimento restrito. “O uso pode beneficiar particularmente pacientes com placas extremamente calcificadas, nos quais o stent pode não se adaptar adequadamente ao vaso, aumentando a chance de complicações. Ainda são necessários mais estudos para definir os critérios de utilização”, declarou.
Hospital público, geral e universitário, o Clínicas atende pacientes em cerca de 60 especialidades.