Demora apenas alguns minutos para que o hóspede que acabou de pedir um refrigerante no quarto, via mensagem de texto, tenha diante de si a bebida e o copo com gelo e limão. Se quiser, ele também poderá conseguir toalhas, alimentos e artigos de higiene direto do seu smartphone.
É nesse pacote de facilidades que a tecnologia oferece que estão apostando muitos dos hotéis-cassinos de Las Vegas, a meca da jogatina e dos espetáculos no Estado norte-americano de Nevada, para conquistar espaço maior nesse hipercompetitivo mercado do turismo.
Os mimos não param por aí: a partir de alguns toques em um tablet, por exemplo, é possível controlar as características do quarto, como luzes e temperatura. E um robô de 1 metro de altura indica ao visitante o caixa eletrônico mais próximo, apenas para citar mais uma possibilidade.
Na batalha para conquistar os milhões de turistas de Las Vegas, recursos tecnológicos antes vistos só em filmes de fição servem para fidelizar clientes cada vez mais exigentes.
“Os hotéis e cassinos estão tentando evoluir para se tornarem mais relevantes a um público jovem, tecnologicamente mais habilitado” explica o diretor do Laboratório de Hospitalidade da Universidade de Nevada, Robert Rippee.
O desafio é oferecer algo amigável, de fácil utilização pelo hóspede, para que ele compreenda os processos e tire realmente proveito da tecnologia.
“Vamos dizer que o tablet oferecido pelo hotel seja de um sistema diferente daquele que o hóspede costuma usar em seu dia a dia. Ele, agora, como usuário, terá que aprender as novas configurações de um produto que não lhe é familiar. Se o turista ficar hospedado por duas noites, vai deixar esse aparelho de lado”, alerta.
Menos telefone
O Caesars Palace, com 3.976 quartos, na avenida Strip (a mais badalada da cidade), lançou em agosto um serviço de mensagens de texto. Hoje, quatro hotéis da rede têm o serviço, chamado Ivy. A iniciativa nasceu de uma percepção de que os pedidos por telefone, feitos pelos hóspedes, tinham despencado.
“Não é que eles tivessem menos necessidade de atendimento. É que algo aconteceu nos últimos dois anos, em que as pessoas simplesmente passaram a não gostar de ligar para as pessoas”, comenta o vice-presidente sênior e chefe de experiências da rede Caesars, Michael Marino.
O serviço usa inteligência artificial para responder automaticamente a perguntas e pedidos comuns, como a localização da academia de ginástica e os horários de funcionamento. Mas funcionários treinados escrevem as respostas de volta para pesquisas mais complexas, como, por exemplo, para onde hóspedes muçulmanos devem se voltar na hora de rezar em direção a Meca.
“A janela do seu quarto está virada para o Oriente. Se você orar de frente para a janela, você estará direcionado para Meca”, respondeu Ivy, em dois minutos.
Vitamina C
Há um ano, o hotel Cosmopolitan também lançou um chatbot (robô que interage por meio de conversas), ao mesmo tempo em que o Wynn Resorts anunciou que um Amazon Echo seria instalado em todos os quartos.
Nos hotéis da Aria e da Vdara, cada quarto está equipado com um tablet com aplicações que permitem ao hóspede programar a entrega do café da manhã, acessar milhares de publicações e ajustar a temperatura e as luzes.
Os viajantes também podem escolher quartos especiais no MGM Grand e no The Mirage com várias opções de iluminação, incluindo uma que ajude o relógio interno do corpo, e com um dispositivo que agregue vitamina C à água do chuveiro.
No luxuoso lobby do hotel Mandarin Oriental, um robozinho branco e brilhante, de olhos arregalados, chamado Pepper, é capaz de responder a um conjunto de perguntas pré-programadas: o horário do check-out, como se conectar à rede wi-fi e qual a localização do spa.
“Eu já tinha visto robôs na TV, mas nunca pessoalmente. É tão fofo!”, derrete-se a hóspede Ana Rosa Santiago, moradora de Miami (Flórida) e que fez uma selfie com Pepper. “Já até enviei para toda a minha família.”