Domingo, 20 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de outubro de 2022
Assunto ganhou destaque nas redes sociais depois da operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente Donald Trump
Foto: Shealah Craighead/The White HouseLogo depois de o FBI realizar uma operação de busca e apreensão na casa de Donald Trump, na Flórida, atrás de documentos secretos, pesquisadores se concentraram em uma tendência preocupante nas redes.
Publicações no Twitter mencionando uma “guerra civil” dispararam quase 3.000% em questão de horas, com apoiadores de Trump acusando a operação de ter como objetivo provocar o ex-presidente. Saltos semelhantes foram vistos no Facebook, Reddit, Telegram, Parler, Gab e Truth Social, a rede social de Trump. Menções à expressão mais que dobraram em programas de rádio e podcasts, de acordo com dados da Critical Mention, uma empresa de monitoramento de mídia.
Semanas depois, publicações com “guerra civil” dispararam novamente após o presidente Joe Biden qualificar Trump e os “Republicanos MAGA (sigla em inglês para “Façam os EUA Grandes Novamente”, slogan de Trump)” de ameaça às “próprias fundações de nossa república”, em um discurso sobre a democracia na Filadélfia.
Eleições legislativas
Agora especialistas se preparam para novas discussões sobre guerra civil, semanas antes das eleições legislativas e estaduais de 8 de novembro, momento em que os discursos políticos se tornam mais exaltados e acirrados.
Mais de um século e meio depois do fim da Guerra Civil verdadeira, o mais violento conflito da história dos EUA, as referências a uma nova guerra civil se tornaram lugar comum na direita. Embora o termo seja usado de maneira dispersa em alguns casos, como em uma analogia à crescente divisão partidária no país, especialistas afirmam que, para alguns, a expressão é bem mais do que uma metáfora.
Pesquisas, redes sociais e o aumento das ameaças sugerem que um número crescente de americanos antecipa, ou mesmo vê com bons olhos, a possibilidade de violência política, apontam pesquisadores que estudam o extremismo. Mas o que anteriormente era tema de discussão apenas na periferia política está ganhando espaço no palco central da política.
Mas enquanto a tendência é clara, há menos consenso entre os especialistas sobre o seu significado.
Extrema direita
Alguns elementos na extrema direita veem isso de forma clara: uma convocação para uma batalha organizada pelo controle do governo. Outros preveem algo parecido com uma insurgência visceral, com eventuais erupções de violência política, como o ataque ao escritório do FBI em Cincinnati, em agosto. Um terceiro grupo descreve o país como prestes a entrar em uma guerra civil “fria”, manifestada pela crescente polarização e falta de confiança, em vez de uma guerra “quente”, com conflitos.
Mas as conversas sobre violência política não estão restritas a fóruns anônimos na internet.
“Inimigos do Estado”
Em um comício de Trump no Michigan, no sábado, a deputada Marjorie Taylor Greene disse que “os democratas querem ver os republicanos mortos”, acrescentando que “Joe Biden declarou que todos os americanos que amam a liberdade são inimigos do Estado”. Em um evento de arrecadação, Michael Flynn, que serviu como conselheiro de Segurança Nacional de Trump, disse que os governadores têm o poder de declarar guerra, e que “provavelmente veremos isso”.
Na segunda-feira, procuradores federais mostraram, diante de um júri em Washington, uma mensagem criptografada que Stewart Rhodes, fundador da milícia extremista Oath Keepers, mandou para seus subordinados dois dias antes da eleição presidencial de 2020: “Nós não vamos sobreviver a isso sem uma guerra civil”.
Especialistas dizem que o padrão belicoso dos discursos ajudou a normalizar a expectativa de que haverá violência política.