As enchentes no Rio Grande do Sul vão afetar negativamente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, afirmou em entrevista coletiva a coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Brasil, Betina Barbosa.
“Uma crise climática ou a da covid-19 vai atingir o IDH”, exemplificou.
O IDH é um indicador que tem o objetivo de medir a qualidade de vida de um país, Estado ou cidade, com base em fatores como expectativa de vida, anos de escolaridade e renda per capita. A escala vai de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo o índice estiver de 1, melhor é a qualidade de vida daquela população.
Segundo Betina, o IDH do Estado deve ser afetado negativamente nas três frentes principais do indicador: na sanitária, com o exemplo do aumento de casos de leptospirose; na educacional, com o fechamento de escolas; na de renda, com os impactos sobre a atividade econômica.
De acordo com o mais recente Relatório de Desenvolvimento Humano no Brasil, com números referentes a 2021 e divulgado nesta semana pelo Pnud, o IDH do Rio Grande do Sul era de 0,771. O nível é considerado alto, sendo também o quinto maior do Brasil, empatado com o Espírito Santo.
Já a região metropolitana de Porto Alegre tinha IDH de 0,814, nível considerado muito alto e o sétimo maior entre as regiões metropolitanas de 21 capitais estaduais do Brasil.
Na entrevista, o representante residente do Pnud no Brasil, Claudio Providas, destacou a importância de que a reconstrução do Rio Grande do Sul seja realizada de forma “mais inteligente”, para diminuir “riscos” e “vulnerabilidades”.
“É preciso entender que o mundo está estudando, com uma mudança climática muito mais acelerada”, disse.
Brasil
O Brasil enfrenta uma regressão significativa em seu desenvolvimento humano, atribuída principalmente aos impactos devastadores da pandemia de Covid-19.
“O País era um antes da Covid-19 e os dois anos de pandemia abatem o Brasil e suas dimensões de desenvolvimento”, ressaltou Barbosa.
Ela destacou que, em apenas dois anos, o Brasil perdeu as conquistas de desenvolvimento humano registradas até 2019.
A queda no IDH pós-pandemia não é exclusiva do Brasil. O relatório do PNUD aponta que o impacto da Covid-19 em escala global superou até mesmo a crise econômica de 2008. No entanto, no País, essa redução foi duas vezes maior do que o levantamento global mostra.
“O Brasil tem tudo para se recuperar, e já se recuperou. Essa recuperação não é a do IDH de 2019, ela ainda está abaixo. Mas não é só o Brasil que está abaixo. Vários outros países da América Latina ainda não se recuperaram”, afirmou.
O Nordeste do Brasil, apesar de ter sido a região com menor nível de desenvolvimento em 2019, foi onde menos pessoas morreram por Covid-19. “Foram nos Estados do Nordeste que menos pessoas morreram, portanto, a expectativa na região diminuiu menos do que nos demais estados da Federação”, explicou Betina Barbosa.