Uma mulher de 88 anos foi uma das pessoas presas na Operação Florida Heat, deflagrada pela PF (Polícia Federal) e pelo MPF (Ministério Público Federal) na semana passada. A ação teve como alvo uma quadrilha de tráfico internacional de armas, que atua entre o Brasil e os EUA. O ex-policial militar Ronnie Lessa também foi preso por suspeita de fazer parte do esquema. De acordo com as investigações, que duraram ao menos dois anos, o grupo criminoso usava uma impressora 3D para terminar de montar o armamento, despachado clandestinamente dos EUA. No país da América do Norte, outras três pessoas agora “constam na difusão vermelha da Interpol para eventual processo de extradição ao Brasil ou transferência de processo para os EUA a fim de que lá respondam por seus atos”, informou a PF por nota.
A idosa, identificada como Ilma Lustosa, estava em uma casa de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, tinha um mandado de prisão contra ela, e de acordo com os investigadores, é mãe de um dos alvos da operação. Na casa dela, a Polícia Federal encontrou várias armas, munições e documentos que estavam escondidos em um cofre. O grupo mandava partes de armamentos para a residência, de onde elas saíam para oficinas, em outros endereços, a fim de serem montadas e distribuídas.
O grupo mandava o armamento para uma casa, também em Vila Isabel. E então, as remessas eram estocadas na casa da idosa.
Segundo a investigação da Polícia Federal, Ilma recebia e cuidava das encomendas do filho. Além disso, os repassava a comparsas e clientes da quadrilha.
Um dos indícios foi recolhido em novembro de 2020. Uma câmera instalada pelos investigadores em frente à casa da idosa, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, flagrou um homem tocando o interfone da casa e, 1h10 depois, saindo com quatro malas e uma pasta
A Justiça determinou o sequestro de bens, avaliados em cerca de R$ 10 milhões.
Segundo os investigadores, a célula americana enviava armas de fogo, peças, acessórios e munição tanto em contêineres em navios cargueiros quanto em encomendas postais por avião pelos estados do Amazonas, de São Paulo e de Santa Catarina, e tinham como destino final o Rio de Janeiro.
Nas “oficinas”, o grupo carioca finalizava o trabalho com auxílio de Ghost Gunners, impressoras 3D específicas para fazer armas – “posteriormente distribuídas para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel”.
O dinheiro para a compra do armamento era enviado do Brasil para os EUA através de doleiros. Foi identificado um brasileiro, dono de churrascarias em Boston, no estado de Massachusetts, que recebia parte desse dinheiro e repassava para os alvos residentes nos EUA.
O grupo criminoso deve responder pelos crimes de tráfico internacional de armas, organização criminosa e lavagem de capitais. As informações são do jornal Extra.