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Ex-presidente do Banco Central será o primeiro brasileiro a comandar o Banco Interamericano do Desenvolvimento

Nascido em Israel, mas crescido no Rio, ele é formado pela UFRJ e tem doutorado pelo MIT. (Foto: ABr)

O ex-presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn, foi eleito neste domingo (20) o novo presidente do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID). Ele será o primeiro brasileiro a comandar a instituição, que financia projetos de desenvolvimento no continente e tem sede em Washington, nos Estados Unidos. Ele venceu em primeiro turno, com o equivalente a 80% dos votos.

O Banco de desenvolvimento é responsável por gerir uma carteira com 616 projetos ativos em 27 países, com investimentos que somam US$ 56,2 bilhões. Somente no ano passado os desembolsos somaram US$ 12,5 bilhões. O Brasil é o país com a maior carteira de projetos do BID, com 82 projetos em andamento, à frente da Argentina (75), Paraguai (41) e Uruguai (38).

O BID já foi chefiado por um chileno, um mexicano, um uruguaio, um colombiano e, mais recentemente, pelo americano Mauricio Claver-Carone. Ele foi indicado no governo Donald Trump e deixou a instituição em setembro por recomendação da diretoria executiva do banco, após denúncias de relacionamento inapropriado com sua chefe de gabinete.

Diretor licenciado do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Goldfajn foi indicado para o cargo pelo atual governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e chegou a enfrentar a resistência de parte dos assessores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentou adiar a eleição do BID sem sucesso. Mas, nos últimos dias, Ilan conseguiu obter declarações de aliados do petista, como o ex-chanceler Celso Amorim, que o novo governo não se oporia a seu nome, facilitando sua eleição.

O economista concorreu com outros quatro candidatos: Cecilia Todesca Bocco, indicada pela Argentina; Nicolás Eyzaguirre, ex-ministro da Fazenda dos governos de Ricardo Lagos e Michelle Bachelet e nomeado pelo Chile; Gerardo Esquivel Hernández, vice-presidente do Banxico (banco central mexicano) e indicação do México; e Gerard Johnson, nome de Trinidad e Tobago.

O Brasil nunca comandou a entidade, que tem mais de 60 anos. Nascido em Israel, mas crescido no Rio, Ilan é formado pela UFRJ e tem doutorado pelo MIT (EUA).

Brasil na liderança

Em seu primeiro discurso após a vitória, Ilan comemorou ser o primeiro brasileiro a liderar a instituição após 63 anos de existência, reforçou que foi candidato do Estado brasileiro.

“Serei o presidente do BID em toda a sua diversidade. Serei o presidente dos países de alta renda, média renda e baixa renda. Serei o presidente dos membros regionais e também dos não regionais. Serei o presidente dos países da América do Sul, Central, do Norte e dos países do Caribe”, disse.

O governo de Joe Biden parabenizou o brasileiro por sua nomeação como chefe do BID, que “desempenha um papel vital na promoção do bem-estar econômico, social e ambiental da América Latina e do Caribe”, disse o Departamento do Tesouro em comunicado.

“Os Estados Unidos esperam trabalhar com o presidente Goldfajn para implementar o conjunto de reformas que os acionistas estabeleceram para impulsionar o desenvolvimento sustentável, inclusivo e resiliente, crescimento liderado pelo setor privado, ambição climática e melhorar a eficácia institucional do BID”, acrescenta.

Países-membros

Os países-membros do BID são Alemanha, Argentina, Áustria, Bahamas, Barbados, Bélgica, Belize, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Dinamarca, El Salvador, Equador, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Israel, Itália, Jamaica, Japão, México, Nicarágua, Noruega, Países Baixos, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, República da Coreia, República Dominicana, Suécia, Suíça, Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela.

 

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